...mas só há muito pouco tempo. Passei grande parte da minha vida a odiar-me, a ter vergonha de mim mesma, a esconder-me, a viver pela metade sem coragem, a pensar em mim como um lixo que não merece nada. Não engordei de um momento para o outro, não houve nenhum acontecimento que me tivesse feito engordar de repente: fui sempre gorda, chego aos 27 anos e ainda tenho excesso de peso, são muitos anos...tudo porque nunca me amei o suficiente (foi sempre mais perto do quase nada). Se hoje luto contra quase 3 décadas de quilos a mais e contra a comida como forma de refúgio e compensação é porque fui obrigada a parar, a parar de me ignorar, a ter noção que estaria sempre vazia, sempre infeliz. Olhava ao espelho e aquela não era eu, enfurecia-me, evitava ver o meu reflexo fosse onde fosse, evitava sair para não ter que ver-me nos olhos dos outros. Mas, assim como acontecem alinhamentos raros de planetas, vários acontecimentos (que já muitas vezes falei aqui) obrigaram-me a parar, a parar de me enganar: obriguei-me a olhar para mim novamente. E sabem que mais? Consegui perceber que EU, aquela que não é fracassada, nem desleixada, nem tremendamente gorda, afinal existia e eu tinha que ir salvá-la. Porquê? Porque afinal amo-me, porque agora consigo ver que há tanta gente que gosta de mim, porque sou inteligente e aprendo tanto com os meus erros, porque afinal sou tão mais forte do que pensei, porque sou generosa e pacífica, porque sou capaz de apreciar cada bocadinho de céu :)
Não desistam, por mais quilos que sejam, por mais que demore, amem-se!
Tem sido uma batalha dura, agora até atravessando meses em que a coisa parece que só encalha, mas olhar-me no espelho e reconhecer-me faz-me querer continuar :)