No fim de semana, voltei ao fundo do mar....na minha imaginação, claro.
Pode ser que um dia o possa ver na realidade, para já fico-me pela ânsia, o looking forward to. Já não é mau, pois daí advém a felicidade.
Um poema de Sophia para acompanhar o sonho.
No fundo do mar há brancos pavores,
Onde as plantas são animais
E os animais são flores.
Mundo silencioso que não atinge
A agitação das ondas.
Abrem-se rindo conchas redondas,
Baloiça o cavalo-marinho.
Um polvo avança
No desalinho
Dos seus mil braços,
Uma flor dança,
Sem ruído vibram os espaços.
Sobre a areia o tempo poisa
Leve como um lenço.
Mas por mais bela que seja cada coisa
Tem um monstro em si suspenso.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Obra Poética I