Tuesday, July 21, 2009
Coisas de Principe!
Há por aí um Príncipe que anda a convencer-me que vive para o meu sorriso (vá, não venhas dizer que falo demasiado em ti, se hoje estou tão feliz por estar perdidamente apaixonada), portanto foi inevitável: li este poema como se ele mo dissesse...
"Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito brota da tua alegria,
a repentina onda e prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como a flor que esperava,
a flor azul, a rosa da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro rapaz que te ama,
mas quando abro os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria."
de Pablo Neruda