Vi uma bebé de poucos meses com as orelhas furadas e logo pairaram na minha mente vários pontos de interrogação...
Porque raio um bebé tão pequeno já está com as orelhas furadas!? Porventura já tem autonomia suficiente para pedir aos papás para ter as orelhas furadas?! Pois, parece-me que não! Se a criança, no futuro, não gostar de se ver com as orelhas furadas, já não há volta a dar! Vai ter que viver com isso!
Essas pessoas nem devem parar para pensar se, quando a criança crescer, irá querer/gostar/aceitar aquilo que eles, numa determinada altura, acharam que era "giro"! O que interessa é que os pais gostam de ver!
É que de facto estes actos fazem-me muita confusão, por mais pequenos e insignificantes que sejam.
Bolas, estamos a falar de bebés que vão crescer e ter vontade própria! E se formos a ver é algo que é nosso, o nosso corpo! Somos nós, individualmente, que temos que decidir o que fazer!
O nosso nome já vem imposto, porque obviamente não poderiamos ser chamados de bebés até a fase adulta, por isso não temos hipótese! Temos que o gramar para o resto das nossas vidas (apesar de já se poder alterar o nome)... agora quanto ao resto...
Obviamente que vai da sensibilidade dos pais, como também das recalcações de cada um... quero dizer que muitos pais, infelizmente, querem projectar nos filhos tudo o que não tiveram oportunidade de fazer e ser...
Nomeio até alguns casos vistos: pais que não tiveram oportunidade de exercer determinada profissão. Projectam esse sonho e acalentam para o filho! A maneira de vestir, pentear o filho, é o espelho dos pais! É como iniciarem o filho em alguma religião ainda pequeno. Será que quando essa criança crescer irá querer seguir a religião que os pais incutiram? Sempre pode mudar, é um facto, mas o acto em si já foi decretado! (Esta frase vai um pouco ao encontro deste post).
Com isto não quero dizer que não podemos/devemos orientar as nossas crianças! Claro que sim!! É o nosso dever como pais/educandos!
Educar sim! Impor as suas frustações, não!
Como não o fizeram comigo... se calhar por isso faz-me tanta especie... e logo, não irei fazer à minha filha...
Ela a seu tempo irá tomar essas decisões...
Tento sempre ter em mente ao longo do meu percurso esta frase: não faças aos outros aquilo que não queiras que te façam a ti...
Acho injusto darmos o fardo aos nossos filhos de eles serem aquilo que nós um dia sonhámos ser e pelas vicissitudes da vida não nos foi possivel... eles apesar de serem nossos filhos, são pessoas singulares e logo ai terão os seus sonhos e projectos de vida! O nosso papel como pais é encaminhá-los para a vida, não querer fazer um clone de nós mesmos! Ou melhor: um clone das frustações adormecidas...
Pronto, tenho dito!!