Estava um dia radiante de sol, muito calor...
Ida ao shopping, super normal! Compras feitas, corda aos sapatos para nos pormos a andar dali e aproveitar o excelente dia!
Quando nos dirigiamos para o carro, eu e o amigo que estava comigo começamos a ouvir umas vozes a modos que exaltadas mas não ligámos e continuámos o nosso percurso.
Assim que íamos a entrar para o carro começámos a ouvir as mesmas vozes a elevarem mais o tom e a voz feminina a gritar (aliás ambos gritavam) e o senhor a agarrá-la puxá-la pelo braço tentando retirar-lhe alguma coisa da mão...
Fomos logo ter com o casal, porque para além daquele cenário pavoroso ali no meio do estacionamento de um shopping havia uma criança no meio deles (literalmente!).
Dirigi-me logo à senhora e à criança a perguntar se estavam bem, se precisavam de alguma coisa. O meu amigo, identificou-se logo, pois é agente da autoridade! O homem assim que viu o crachá, os olhos dele esbugalharam-se! Eram italianos mas falavam e percebiam muito bem português.
Ambos estavam nervosos, os ânimos estavam bastante elevados.
O senhor agente, para além de terminar a discussão, colocou os dois a par dos direitos e deveres de cada um.
Segundo deu para perceber, aquela algazarra foi por um molho de chaves de um armazém que ela tinha no carro e que ele queria a todo o custo, vá-se lá saber porquê!!
No meio disto tudo a minha preocupação era aquela criança que estava ali no meio daquelas agressões verbais e físicas. Se na rua é assim, nem quero imaginar dentro de casa... E aquela criança tinha o olhar tão triste... cortou-me o coração de ver aquele olhar vazio, assustado, impotente no meio dos pais que em tempo algum pensaram no filho.
Como também fiquei escandalizada porque no meio das dúzias de pessoas que passaram ali ao pé de nós e as que estavam sentadas a fumar, ninguém se mexeu para acudir aquela criança e a mãe! Incrível!! Passavam, olhavam, cochichavam entre elas quando vinham aos pares, mas parar e perguntar: Precisam de ajuda? Estão bem? Nada! Para quê!! É tão mais fácil pôr a cabeça na areia...
Irrita-me o facto das pessoas nunca ou quase nunca intervirem quando vêem alguém em apuros! O que era o caso! Ele até podia ter toda a razão do mundo mas usar a força mesmo em frente à criança que a mãe tentava segurar foi demais!! O miúdo parecia um boneco de trapos no meio daquilo! E ninguém, à excepção de nós, quis ajudar!! "Não é nada comigo, não me meto!" Há tanta solidariedade em acções humanitárias, damos dinheiro para tanta coisa porque achamos que é certo mesmo estando tudo em crise, e a mais básica das ajudas, a mais próxima, a de apenas perguntar se precisa de ajuda, não a damos??!! Eu bem tento entender mas não consigo...