Showing posts with label leitura. Show all posts
Showing posts with label leitura. Show all posts

Sunday, April 3, 2011

DIA DO LIVRO INFANTIL

Ontem celebrou-se o Dia do Livro Infantil. Li no Público o depoimento de várias pessoas que escrevem e outras que só aconselham vários livros para os mais pequenos. Pessoalmente, há livros que me encantaram quando era criança. Lembro-me do Feiticeiro de Oz, numa edição grande com os desenhos originais a preto e branco, os livros da colecção Azul,
com predominância para os da Condessa de Ségur, que líamos vezes sem conta. Mais tarde comecei a ler os Cinco, um primo meu ofereceu-me o primeiro quando fiz 10 anos. A Editorial Notícias publicava um de vez em quando e ele encarregava-se de nos oferecer os livros mal eles chegavam. Ás vezes havia bulhas lá em casa pois todos queríamos ler ao mesmo tempo. Um pouco mais tarde lia tb com agrado as biografias de cientistas e pessoas célebres nas colecções de Adolfo Simões Muller. Em adolescente já lia Pearl Buck, Berthe Bernage ( tão beata:)) e Júlio Diniz.
Os meus filhos já tiveram outras leituras, embora a minha filha fosse muito tradicional e lesse quase tudo o que eu li. Ela propria comprou a colecção Azul novinha e ainda os livros da Anita, os da Enyd Blyton todos. Os meus filhos rapazes gostavam muito do Triangulo Jota e o Clube das Chaves e tb de Uma Aventura...mas o mais novo lia muito Banda Desenhada do Tintin, Asterix, Alix, Lucky Luck, biografias, livros sobre História de Portugal ( cor de laranja) e até vários livros com histórias da Bíblia, que ele adorava. Não tínhamos o hábito de lhes ler antes de irem para a cama, em geral ouviam música que eu punha a tocar no corredor junto ao quarto deles.
Os meus netos têm uma panóplia de livros em casa e todas as noites ouvem ler uns tres capitulos de uma história, quer pela Mãe ( que por vezes adormece antes deles) , o Pai ou eu , se calha lá estar. Querem ver os bonecos todos e acompanhar a leitura, é um momento muito doce ao fim do dia.

Queria aqui falar dos livros de poemas para crianças da minha amiga Regina Gouveia,

já vão em três e são muito belos para as crianças, pois juntam o amor pela ciência à poesia. A escritora e professora de Física tem-se desdobrado em workshops para crianças, juntando a Física, a Astronomia e Ciencias, em geral, à Poesia , em escolas por esse país fora. Os testemunhos podem ser lidos no seu blogue Do Caos ao Cosmos e nos blogues das escolas que visitou.

Fica aqui um poema dela para s mais pequeninos:

Perguntaram à Maria


o que era a poesia

e a Maria respondeu:

É saber olhar o Céu,

ouvir as ondas do mar,

e sentir a maresia,

as aves a chilrear,

desde que o sol se levanta,

deixar a areia escapar

por entre os dedos da mão,

é saber ouvir o vento

que traz sempre uma mensagem

quando chega de viagem.

É acarinhar a terra,

cada animal, cada planta,

cada pedra, cada rio.

É cantar ao desafio com o melro,

o gavião, e também a cotovia,

o pardal , o rouxinol.

É saudar o arco-írisnum dia de chuva e sol

In Ciência para meninos em poemas pequeninos

Saturday, July 17, 2010

Há livrarias que não deviam morrer...( in memoriam da Borders, UK)


Sempre adorei livrarias, mesmo quando não tinha dinheiro para comprar mais do que o jornal Letras e Artes, mas namorava tudo o que é livro, sobretudo os estrangeiros, franceses e ingleses, não por falta de patriotismo, mas porque desde pequena que as duas línguas eram para mim perfeitamente claras e havia muito mais diversidade de literatura à venda. Quando era criança, fui muitas vezes à saudosa Ática, na Rua Alexandre Herculano, que ficava por baixo do consultório do meu Pai e que pertencia á minha Madrinha. Que sorte, dirão os leitores deste blogue. Era mesmo, mas não aproveitei o suficiente. Nos dias dos meus anos, a senhora, que é francesa, casada com um primo direito da minha Mãe, dizia-me, persuasiva no seu sotaque de rrs rolados: " Minha querrida filha, vai à Ática e escolhe uns livrrros que queirrrras lerrr".
Não me esqueço da sensação estranha que era entrar naquela loja cheia a abarrotar de livros lindos e escolher algum para mim. O empregado cheio de mesuras e eu petrificada perante a responsabilidade. Lembro-me de, uma vez, com uns 4-5 anos, ter escolhido um livro daqueles em que se abrem as páginas e elas são todas recortadas de modo a formar uma imagem em três dimensões dum castelo, de fadas ou anões. Nessa altura não havia em lado nenhum livros desses, como há agora. Era lindo com salpicos dourados e prateados a cair da varinha de condão da fada.Nunca mais o esqueci.
Noutras alturas, desapontei a minha madrinha seriamente pois escolhi livros dos CINCO, que eu adorava e lia várias vezes de fio a pavio, às vezes até a meias com as minhas irmãs, acabados de sair da editorial DN. Ela achava que os livros eram pechincha demais para serem prenda de anos e acabava por me dar outra coisa mais categorizada. Se eu soubesse teria pedido a colecção toda do Fernando Pessoa ou da Sophia, editados pela Ática.Mas só tinha uns dez anos.
Outras livrarias que fazem parte do meu imaginário são a Buchholz, na Rua Castilho - ou lá perto - onde passava horas esquecidas sentada ou ajoelhada no chão a folhear os livros que eles tinham em montes espalhados, já que as prateleiras estavam cheias. No meio de toda a literatura alemã, ainda encontrava os meus queridos Livres de Poche, gordinhos e com capa muito colorida. Li inúmeras obras inglesas ou americanas em francês pois gostava muito mais dos Livros de Poche do que dos da Penguin, com letra demasiado pequena e muito densos. Para ler os clássicos alemães, comprei muitos da colecção Aubier, que tinham do lado esquerdo a versão francesa e do lado direito a alemã, o que tornava a leitura bem mais acessível. Schiller, Lessing, Goethe e outros, foi quase tudo lido nessas edições bilingues e muito caras. Ia-se a minha mesada num ápice e o meu Pai não era muito generoso. A minha Madrinha, nessa altura, já não me oferecia livros....:)

Aqui no Porto, tinha uma livraria de estimação, mas que não ficava muito à mão: a Leitura, na Rua de Ceuta.. Agora já há uma no shopping Cidade do Porto que é muito agradável. Perto ficava a Livraria Britânica, especializada em livros dessa nacionalidade. Muito dinheiro lá gastei para o ensino... ainda agora me pergunto se valeu a pena. Como já trabalhava para a Porto Editora, comprava muito, tudo o que saía de novo, até vídeos e cassetes: As Mulherzinhas, Adrian Mole, O Diário de Anne Frank, Os Cinco, tenho tudo em cassete e agora já nem há leitores desses. Os meus alunos não apreciavam o espólio que eu levava para as aulas, achavam tudo muito difícil e , afinal, estava a dar-lhes de mão beijada aquilo que custava uma fortuna.
Há meses fui a Leeds com a minha filha e tive um dos maiores desgostos da minha vida. Saímos na Headrow - rua principal da baixa - e fomos direitas à Livraria Borders, local de culto da minha filha e um dos meus tb por afinidade. Qual não é o nosso espanto quando vimos que a Livraria estava fechada já desde Novembro de 2009. Os vidros sujos, uma papeleta a avisar do encerramento, mais nada. Quase chorei. A Borders era a melhor e mais mística livraria que conheci. Igual ou parecida só a Harvard Bookstore em Boston. Espaçosa, aberta, cheia de cantos e recantos onde nos podíamos sentar e apreciar as obras, ouvir toda a espécie de música com headphones, um stand de revistas com tudo o que há sobre tudo o que acontece, um Starbucks Café, igualzinho aos americanos, com shortbread , cookies e brownies, chás de toda a espécie e um ambiente mágico. Podiam-se lá passar tardes e noites - fechava às 11 pm - e até não comprar nada. De vez em quando iam lá escritores como Paul Auster, Roger McGough ou Yasmina Reza fazer pequenas lectures.
Li no Guardian que a Borders foi á falência, devido à concorrencia da Amazon e outra livrarias online. Um desastre irreparável.
Lá fomos à Waterstones, que é agora a rainha das livrarias, mas não é a mesma coisa. Nem poderia ser.


Espero que esta Entrada não pareça uma panóplia de nomes que nada vos dizem ou, mais grave ainda, expressão de vaidade ou show off. Estou muito comovida ( e um pouco revoltada) ao escrever estas memórias e ao relembrar tantos momentos belos que locais simples como uma livraria podem oferecer aos seus visitantes.

É um crime fechar cinemas como os quatro do shopping Cidade do Porto - Medeia -, encerrados há menos de um mês. Também não se deviam fechar livrarias ou cafés que têm uma história. Essa história é culto e património duma cidade. Ninguém fecha igrejas por falta de visitantes.

Friday, April 2, 2010

Dia Mundial do Livro Infantil

Só agora vi que hoje se comemora este dia tão especial.

Cada vez há mais livros infantis e as crianças adoram ouvir ler, se forem habituados desde pequeninos. O meu neto de 11 meses gosta imenso de ver as páginas a passar com bichos e palavras que ee não compreende , mas vai assimilando no cérebro. Ainda há pouco estive a ler o Gulliver da colecção Formiguinha para o meu neto de 6 anos que já lê, mas ainda gosta que a Avó lhe leia histórias de vez em quando, mesmo quando vem cá para ver o futebol dos adultos !

Sempre gostei de ler e lia muito em criança....alguns livros vezes e vezes sem conta. Estou-me a lembrar de toda a colecção azul, os livros da Condessa de Ségur e depois os Cinco já com dez anos. Muitas horas de puro entretenimento intelectual. Identificava-me com todos os herois e vibrava com os pequenos problemas das suas vidas.

Vou pôr aqui mais uma pequena homenagem à minha amiga Regina Gouveia, que ainda este ano publicou um livro para os meninos e já tinha outro publicado também para os mais pequeninos. São ilustrados por Nuno Gouveia e aconselho-os vivamente pois vão ensinando ciência juntamente com a poesia para os mais novos.




Chuva

Uma gotinha de chuva tem muito para contar. Passa a vida a viajar
Vem lá da nuvem à terra para esta vir regar, pois sem chuva não há vida.
Talvez por ser distraída, ou direi mesmo imprudente,
pode dar inundações e outras complicações.
Em boa conta e medida, nunca é aborrecida nem sequer impertinente
pois não queremos, por certo, que a terra seja um deserto.
Mas voltemos à viagem. Cai na terra, cai no mar
e depois de evaporar à nuvem vai regressar para mais tarde voltar.
Parece não ter paragem.


Regina Gouveia

Wednesday, January 13, 2010

Leitura fora de casa



Li ontem no I uma reportagem interessante sobre as leituras que se fazem nos transportes públicos em Lisboa. Pelos vistos ainda há quem leia no metro, nos autocarros, pendurado nos varões, em pé. Aqui no Porto é raro ver pessoas a ler nos autocarros, mas a falar ao telemóvel são às dezenas, incomodando todos os utentes e fazendo-nos tomar parte nas conversas desenxabidas que por vezes têm com amigos e familiares.Nos comboios, então, nem se fala. Tenta-se dormitar e só se ouvem toques, qual deles mais embirrento e pessoal.



Sempre li nos transportes em Lisboa. Fazia todos os dias o percurso Restelo-Cidade Universitária, no tempo em que o metro era um centímetro e não me adiantava para nada. Tinha de apanhar o autocarro 12 até ao Calvário ( nome sugestivo), aí esperar pelo 38 que percorria quase Lx inteira até ao Hospital de Santa Maria. Levava uma hora e meia por vezes. Escusado será dizer que lia, lia e voltava a ler. Até fazia tricot, muita camisola foi feita por ali.Sempre gostei de ler livros de fio a pavio - Gone with the Wind, Exodus, Guerra e Paz, Os Irmãos Karamazov, são alguns exemplos - até que há uns anos deixei de poder ler sem óculos. Os óculos complicam-me a vida, embora ainda consiga ler letras maiores, como o jornal I, por exemplo, sem eles. Só tenho 1,5 dioptrias.
Lembro-me dum ritual sagrado que cumpria amiude: ia apanhar o autocarro 43 à Praça da Figueira, donde ele partia, e comprava o JL que vendiam no chão junto à paragem. Deleitava-me a ler sobre literatura e novos livros de poesia, cinema e artes. Era barato.
Também li muito Shakespeare nos autocarros, apesar da letra minuscula e da complexidade da escrita. Só para a cadeira de Literatura I tive de ler treze peças em inglês, conhecer os enredos, localizar citações, enfim, um trabalho ciclópico que hoje já ninguém faz. Lêem a tradução ou os resumos já feitos na Internet. Nós tínhamos exames no anfiteatro, em que era possível consultar as obras, mas as citações baralhavam-se no nosso espírito e era bem difícil distinguir as comédias das tragédias, pois S. é sempre denso e filosófico.

Sobre Shakespeare, há um história engraçada que não resisto a contar.
Quando a Internet começou já há uns bons doze anos, quis preparar uma sessão da APPI sobre as possibilidades que se abriam, através dela, na preparação de aulas completamente diferentes e inovadoras. Ao fazer uma busca sobre Shakespeare, que na altura era tema obrigatório no 12º ano, encontrei inúmeros sites em que jovens faziam perguntas sobre os enredos das peças, de modo a poderem realizar os seus trabalhos da escola. Num forum sobre TPCs, um jovem pôs esta questão: Alguém me pode ajudar? Queria saber o nome de todas as personagens que morrem no final da peça Hamlet.. O forum era inglês ou americano. Uma das respostas foi : I wish I knew it ( Quem me dera a mim saber isso).