Em Vila do Anjo, no interior de Portugal, a acção passa pela  autarquia local, a rádio, a pensão e a casa de alterne, ponto de  encontro dos homens casados da povoação.
Decorre  o ano de 1986 quando em Vila do Anjo é inaugurada a primeira casa de  alterne: o Curral das Gatas, que vai sobressaltar a pacata vila, onde  decorrerá parte da acção de ‘Anjo Meu’. As três grandes atracções da  casa gerida por Sílvio (António Pedro Cerdeira) vão ser Maria Francisca  (Sara Matos), Carolina (Júlia Belard) e Gina (Rita Seguro). Com blazer  cor-de-rosa, ou azul-bebé, mangas arregaçadas, pulseiras, relógio, fio  de ouro ao pescoço e cachucho no dedo, Sílvio, qual Don Johson na série  ‘Miami Vice’, promete ser uma das figuras mais pitorescas da próxima  novela da TVI, com estreia prevista para Março.
Vila do Anjo,  com os seus hábitos, usos e costumes, os amores e desamores das suas  gentes, escaramuças e polémicas, vai ser a protagonista colectiva de  ‘Anjo Meu’, que Maria João Mira está a escrever para a TVI. ‘Paixão’,  dos Heróis do Mar, é um dos temas a pautar a banda sonora desta  produção. O enredo começa em 1974, com o 25 de Abril. A família Rebelo  da Cunha, com latifúndios no Alentejo, vê as contas bancárias  congeladas. Quando o patriarca Geraldo (João Reis) percebe que corre o  risco de ser preso, foge para o estrangeiro com a filha Maria Francisca  (Sara Matos) e deixa parte da fortuna na mão da governanta Joana Rita  (Alexandra Lencastre). Em 1986, Geraldo, emigrado nos Estados Unidos,  enriquece com o jogo e decide regressar a Portugal com a filha disposto a  esclarecer as circunstâncias da morte da mulher e a resgatar a fortuna  que deixou entregue à criada da família. E é neste ano que todo o enredo  de ‘Anjo Meu’ se vai desenvolver. “Não foi inocentemente que escolhemos  esta década profundamente marcada pelo 25 de Abril e pela adesão de  Portugal à Comunidade Europeia. A nível social e económico o País mudou e  essas mudanças deram origem ao que somos hoje”, explica à Correio TV  Maria João Mira, autora da novela. Reconhecendo que os anos 80 estão na  moda, vinca que a história, apesar de ter tido alguma preocupação com “o  rigor histórico”, “não é um documentário” mas ficção. 
Em Vila de Anjo,  Alexandra Lencastre, no papel de Joana Rita, ex-criada de servir, é   hoje candidata às eleições locais e uma rica empresária que, entre outro  património, possui a herdade da Tamargueira, ex-propriedade da família  Rebelo da Cunha. É uma mulher de garra, desconcertante, que trata os  seus eleitores por ‘anjinhos’. Sobre ela recai a suspeita de se ter  apoderado de parte dos bens dos seus antigos patrões. Rendida às cenas  já gravadas, Maria João Mira tece elogios rasgados à protagonista do  elenco: “A personagem de Alexandra Lencastre vai dar o tom à novela. É  muito bom poder contar com ela porque é um grande nome da ficção e está a  fazer um papel muito diferente das outras produções, onde teve um  registo mais dramático. É uma mulher que não baixa os braços perante a  adversidade. Ascendeu socialmente, mas não oculta as suas origens e faz  disso bandeira”. No enredo, José Carlos Pereira estava destinado a ser  filho de Joana Rita. Mas, porque o actor ainda recupera de um problema  de dependência, a Plural optou por dar-lhe um papel menos relevante,  substituindo-o por Pedro Teixeira.
Na praça dr. Eugénio Dias,  no coração de Sobral de Monte Agraço, vai ser recriada a Vila do Anjo.  Para este espaço público ser temporariamente usado e alterado está a ser  redigido um protocolo de colaboração entre a Câmara Municipal de Sobral  de Monte Agraço e a Plural, produtora da Media Capital,que detém a TVI.  “Vai ser necessário retirar bancos, candeeiros e pilaretes para que,  durante alguns meses, a praça pombalina, com uma traça moderna, retrate o  ano de 1986. Também as fachadas de algumas lojas serão alteradas”,  explica José Alberto Quintino, vice-presidente da autarquia.
