Sunday, January 30, 2011

Um Preto No Branco Sobre Os Palpites Dos Outros


É engraçado como toda a gente tem uma ideia exacta de como devemos viver as nossas vidas. O que de facto não falta por aí são sábios conselheiros e mentes iluminadas, cuja única missão na vida é dar palpites sobre as vidas alheias. Estas pessoas sabem tudo – o que devemos estudar, o que devemos trabalhar, como devemos comportar-nos, o que devemos dizer em cada situação, com quem devemos andar, o que devemos ou não comer, como devemos realizar-nos, o que devemos fazer para ser bem-sucedidos, o que  faz sentido ou não, e tudo e tudo. Nem é preciso perguntar. Elas sabem tudo e fazem questão de o dizer vezes sem conta. Tal como toda a gente, não fazem ideia como será o dia de amanhã e não raras vezes cometem erros nas suas próprias vidas, mas isso não as impede de dar palpites e ter sempre algo a dizer ou criticar para orientar melhor a dos outros. E aqui eu pergunto: Como é que alguém pode saber o que é bom para a nossa vida, melhor que nós próprios?! Como é que alguém pode escolher melhor que nós próprios? Qual é a lógica de tentar impedir que as pessoas cometam erros e percorram o seu caminho? Não é precisamente para isso que aqui estamos, para aprender sozinhos? Porque raio vamos impôr a nossa visão das coisas aos outros, se não fazemos a mais mínima ideia porque é que essa mesma pessoa está aqui e qual é o propósito da sua vida? Porque dar palpites sobre a vida dos outros, se todos sabemos que cada um tem um caminho pessoal, completamente diferente do nosso? Porque é que queremos desesperadamente transformar os outros à nossa imagem e semelhança, como se fóssemos algum Deus em carne e osso?

Por alguma razão toda a gente tem vida.
 Se não fosse realmente necessário viver e
 percorrer o nosso caminho sozinhos, com
 os nossos próprios erros e ensinamentos,
 bastava nascer apenas uma pessoa e viver
 simultaneamente a vida de mais cinco
outras, não é verdade?