Hoje fui à sessão do workshop sobre Ciência orientada pela Regina Gouveia. Estavam muito poucas pessoas, o que é pena, pois a sessão, ainda que sem grandes tecnologias - estas falham quando menos se espera - foi interessante e a hora e meia passou num instante.
Há coisas que nunca nos passam pela cabeça pois damo-las como garantidas. Uma delas é a de que temos luz durante grande parte do dia.
É tão importante sermos iluminados por um astro-rei que não falha, é tão fantástico que essa luz venha a uma velocidade inegualável, constante, há milhões de anos e que nos permita ver a natureza sempre diferente, conforme a hora, a intensidade, a metereologia, os nossos olhos, sei lá....
Sem lhe pedir licença, :) vou colocar aqui um poema que a Regina apresentou na sessão passada e que é espantoso.Ele traduz exactamente esta estupefacção perante o fenómeno da luz. Ouso acompanhá-lo dum quadro que fiz há um ano e ofereci ao meu irmão, onde se vê ( penso eu) como a luz ( e a sombra inerente) são vitais para enriquecer a beleza e poesia da paisagem.
Sombra
Desde o Big-Bang corre pelo espaço
sem aparentar o mínimo cansaço.
Não tem concorrente na corrida.
pelo que, de antemão, é a vencedora da partida.
Durante a já longa viagem,
foi criando vários laços na passagem
ao tornar iridescente o belo diamante
quando nele se reflecte e se refracta,
ao cobrir o mar de um manto cor de prata,
ao ruborizar o céu
à hora de alva e ao sol poente,
ao emprestar à lua um manto de luar,
ao tornar multicolor o céu e o mar,
ao brincar com a chuva, como se fora criança,
traçando no céu o arco da aliança,
ao espargir de cor a mãe natureza
que a ama com fervor, e a olha com enleio.
Misteriosa luz, lasciva, bela .
Através dos vidros da janela, vejo, projectada no passeio,
a indelével sombra dum longínquo amor.
Gouveia R, Sombra
OBRIGADA, REGINA!