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Saturday, March 26, 2011

Primavera

Tenho uma sobrinha de 11 anos, que nasceu com um problema de visão, não conseguindo ver nada dum dos olhos e muito pouco do outro. Já fez muitos exames e operações à córnea, mas os resultados não são ainda muito animadores. É uma miúda feliz, com pais devotos e corajosos, três irmãos mais novos que a ajudam e toda uma família unida, o que é uma mais valia preciosa. A Laurinha já aprendeu a ler e faz tudo o que os outros meninos da sua idade praticam, mas com um esforço muito maior, tendo que usar tecnologias avançadas para poder ver os livros em ecrans, aumentados por meio de lentes. Tem tido notas óptimas, apesar da sua deficiência. A minha sobrinha Catarina, que escreve neste blogue, é para mim, um exemplo de tenacidade e realização pessoal, pois renunciou a muitas outras coisas na sua carreira e na vida para poder acompanhar a filha mais velha e ainda se ocupa dos outros três filhos, dois dos quais gémeos de 5 anos.

A Laurinha fez há dias uma poesia à Primavera, que foi publicada no nosso blogue de família. Não resisto em publicá-la aqui, juntando-lhe um desenho feito pelo meu neto há umas semanas.


Olhei para uma branca e fria tela,
e resolvi pintar
a mais linda Primavera
Com borboletas a voar,
flores a desabrochar…
Há tanta coisa bonita…
Por onde hei-de começar?
Então no pincel peguei
e as planícies verdes pintei.
Não me esqueci das flores coloridas
que pintei com cores mortas e garridas.
Também desenhei os passarinhos,
uns grandes
e outros pequeninos.
Mas todos a planar,
no céu azul que acabei de pintar.
E assim eu vejo a Primavera,
pintada numa simples tela!

Laura

Friday, November 5, 2010

Os gatos

Nunca tive nenhum gato.
Tive cães, alguns, numa casa com jardim onde eles podiam correr livremente. Nunca fui apologista de animais em casa, a não ser lá fora. Quando era criança, fui mordida por um numa festa de anos e tinha um verdadeiro terror do caniche do meu padrinho, que me saltava para cima, cada vez que eu ia lá a casa e era tratado a queijo flamengo ( a minha prima era holandesa!). Embirrava com aquele cão e até sentia ciúmes dele, pois o meu Padrinho o tratava bem demais.

Gatos tive vários na minha casa de Chaves.Entravam pelas janelas postigo e instalavam-se nuns sofas que tinhamos guardados numa sala junto à garagem. Faziam daquela sala o seu local de convívio.....:))

Quando a minha amiga Maria do Céu arranjou um gatinho e me falava dele como se fosse uma criança, encantada com as atitudes do bichano,
comecei a interessar-me pelos gatos. Aconteceu que a minha filha foi incumbida de traduzir um livrito " "How to make your cat happy" e não podendo traduzi-lo todo sozinha, ajudei-a em grande parte.
Fiquei pasmada com o que li sobre os gatos, cada página era uma surpresa nova, deliciei-me com as histórias, as estratégias e manhas dos bichinhos. Ofereci este livro já traduzido à Maria do Céu. Ela foi-me enviando fotos pela net e nos intervalos das aulas falávamos do seu Mikito com ternura, como eu falava do meu neto, que acabara de nascer.. Estas são algumas fotos recentes do célebre Mikito!

Em tempos vi o musical CATS em Londres, tendo lido o Livro de T.S.Eliot donde foi tirada a peça. Esse livro foi traduzido pelo meu professor de Literatura Inglesa, Prof. João Almeida Flor, um dos melhores professores que tive na FLUL. Encontrei este pedacinho na web.

Deixem-me dizer: GATO NÃO É CÃO
Por via de regra, o Cão de bom tom
sempre se dispõe a ser um palhaço,
não sabe fingir um ar afectado
e chega a perder toda a compostura,
deixa-se enganar com facilidade,
basta que lhe façam festas no pescoço
(...)
Que fique bem claro, volto a dizer:
Um Cão é um Cão - UM GATO É UM GATO!


Fica aqui um extracto dos mais célebres do musicalde Andrew Lloyd Webber...Jellicle Cats ( Gatos vadios)

Thursday, May 6, 2010

PORTO GRAFIA - Espaço VIVACIDADE



Inaugurou-se hoje a exposição PORTO GRAFIA, que não é, como diz o seu autor, uma exposição de fotografia,nem de textos, mas uma simbiose entre ambos; eu acrescentaria que é como se estivéssemos a ler um livro sobre a cidade com fotografias belíssimas dos seus cantos e recantos em tamanho ampliado.
Esta inauguração coincidiu com o 1º aniversário do Espaço Vivacidade, realizando-se um cocktail bem servido à moda do Porto, após a sessão cultural.

Estive presente na apresentação do evento, que foi muito emotivo e socialmente concorrido. Pedro Freire de Almeida falou do seu amor à história da cidade do Porto e ao lado menos turístico, às suas tonalidades e charme granítico.

O cantor José Silva puxou da guitarra e cantou baladas de Zeca Afonso, em especial, que trouxeram lágrimas aos olhos, tal a emoção posta no seu canto.

A poetisa e "diseuse" Maria Lourdes Anjos recitou vários poemas e por fim um longo texto de sua autoria com memórias da cidade e referencias inimitáveis aos vários pregões e falares do povo dos bairros onde cresceu e viveu. Foi um momento muito intenso e com grande performance da autora.

Por fim a actriz e encenadora Vera Cunha , uma rapariguinha com aspecto frágil, transformou a sala num palco, personificando uma actriz introspeccionando-se e tentando explicar à audiência a dificuldade de fazer escolhas. Foi muito ovacionada e augurado um grande futuro.

As fotografias que aqui incluo foram extraídas do blogue Imago Mundi. Vai aqui também um vídeo do PORTO Canal com o "Porto grafo" Pedro Freire de Almeida. A entrevista fala por si. E também apresenta algumas fotografias acompanhadas do texto , tal qual como na exposição.


Wednesday, March 10, 2010

Mar imenso


Ofir, 2004

Uma Após Uma as Ondas Apressadas

Uma Após Uma
Uma após uma as ondas apressadas
Enrolam o seu verde movimento
E chiam a alva 'spuma
No moreno das praias.

Uma após uma as nuvens vagarosas
Rasgam o seu redondo movimento
E o sol aquece o 'spaço
Do ar entre as nuvens 'scassas.

Indiferente a mim e eu a ela,
A natureza deste dia calmo
Furta pouco ao meu senso
De se esvair o tempo.

Só uma vaga pena inconsequente
Pára um momento à porta da minha alma
E após fitar-me um pouco
Passa, a sorrir de nada.

Ricardo Reis, in "Odes"


Foz do Douro, 2008

Matosinhos, 2009

Porto Santo, 2009

Friday, January 15, 2010

John Keats - estrela cintilante



John Keats - 1795-1821



É um belo filme, daqueles que não empolgam, mas mexem com a nossa sensibilidade estética e emocional do princípio ao fim. Sobretudo visto como eu o vi, praticamente sozinha, na sala 3 do Medeia Cidade do Porto. Um filme lindo ao jeito de Jane Campion , realizadora de "O Piano" e de outros filmes menos conhecidos.
O tema é a biografia do último poeta romântico britânico, John Keats,considerado um dos grandes, nascido no fim do sec XVIII e falecido em 1821, 25 anos mais tarde, de tuberculose.
O filme é duma simplicidade quase total, linear, com uma fotografia esplendorosa, cenários típicos da Inglaterra rural, guarda-roupa apropriado, contenção nos gestos, nas falas, na expressão dos sentimentos, erotismo não explícito, mas que se sente nos olhares e nas atitudes.

Música de Mozart...acompanhamento em fundo sublime.

Fica aqui um poema de Keats e o trailer do filme para quem quiser ver.

Bright star

Bright star! would I were steadfast as thou art--
Not in lone splendor hung aloft the night,
And watching, with eternal lids apart,
Like nature's patient sleepless Eremite,
The moving waters at their priestlike task
Of pure ablution round earth's human shores,
Or gazing on the new soft fallen mask
Of snow upon the mountains and the moors--
No - yet still steadfast, still unchangeable,
Pillowed upon my fair love's ripening breast,
To feel forever its soft fall and swell,
Awake forever in a sweet unrest,
Still, still to hear her tender-taken breath,
And so live ever - or else swoon to death.