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Friday, June 10, 2011

Como uma carta à deriva no mar...

Madrugada... é tarde, é tarde e por vezes, a esta hora, ouvia um silêncio preenchido, e bem, com o teu respirar enquanto dormias. Prometi que este ano não escreveria nada directo para ti... já não estou a cumprir, e se não estou a cumprir, é porque algo não está nada bem comigo.
Já passaram aproximadamente duas centenas de dias desde que fugiste de mim, e nesses dias todos, ainda não houve um único que eu não pensasse em ti! Pudera, foram pouco mais de 2 anos ao teu lado, e como dizem "Quanto tempo será preciso para esquecer apenas um momento?". Tu forçaste-me a "esquecer-te" da pior maneira... sem uma despedida, sem te ver, sem me dizeres o porquê, sem cumprires as nossas promessas. Destruíste-me completamente por dentro e se algum de nós não merecia tudo isto, esse alguém era eu e apenas eu. E tu sabes disso! O que sinto é como se tivesses morrido, deixado de existir completamente, e como se eu agora tivesse que lidar com essa perda, essa terrível dor. Quando na verdade estás viva, mesmo dentro do meu coração. É triste pensar assim, pensar que foste única e exclusivamente o meu mundo! E tu sabes perfeitamente isso. E há tempos, falaste-me como se estivesses muito preocupada comigo. Se achas que eu estava bem, podes esquecer os sorrisos que me enviaste, qualquer alívio, e podes deixar de julgar que te perdoei. Porque eu nunca te perdoei, no máximo apenas te desculpei. Porque os teus erros, as dores que me causaste durante a relação e depois, nunca serão esquecidas e perdoadas! Nunca! Não te odeio, amo-te! Amo-te ainda, e isso não é sequer questionável. Mas às vezes, sinto um ódio. Ódio quando penso que apenas te podes fazer de hipócrita quando te julgas "tão" preocupada comigo. É daquela forma que mostras a tua preocupação e todas as emoções que falas?!
De pouco importa então; só te vou querer voltar a ver quando precisares de ajuda. Só te vou querer voltar a ver quando perderes qualquer felicidade. Só te vou querer voltar a ver, quando tiveres sozinha e triste. E poderás chamar por mim, se eu poder irei ver-te, falar-te baixinho, dizer que ainda te amo e virar-te as costas... Só te vou querer voltar a ver quando leres esta "carta" no meio de tantas outras que aí tens guardadas e que não voltaste a ler. Não chores. Eu já chorei bastante e choro, e são tantas as lágrimas que tudo agora fica à deriva no mar...

...Agora vou dormir, porque às vezes, chego mesmo a acreditar que a melhor parte do meu dia é quando durmo, pois o tempo passa, não sinto dor, sonho, não penso em ti.
Até um dia.

Sunday, April 24, 2011

"Terês Terigues Teristes" by Eu E Uma Rapariga Que Conheci feat. Osiris (letra)

Sou capaz de citar esta música... ou pelo menos, os dois versos cantados pela voz masculina. Poético, serve-me de desabafo.
Por mais que o tempo passe muito não se esquece nem se vai esquecer. Muito não se percebe e nunca se irá perceber. No amor há duas pessoas, ou é suposto haver, e o maior erro ou maior estupidez de uma, pode ser a morte dos dois... grito dentro de mim "porquê?" e aguardo por uma resposta que o meu coração nunca vai entender... Se se podesse voltar ao passado mas acho que nem isso iria mudar o quer que seja e agora também ficam os seus lamentos nestes rios da tristeza...



Os beijos sabem-me a (?)
Deve ser giro e mágico
A ter um mundo nos braços
Ela diz que sorrir é fácil
Com cores de palhaço
Ofereço flores de plástico
Dou balanço ao espaço
Quando na disputa é tudo rápido
E uma vez disse ao avô que eu iria ser alguém
Por isso quando for grande vou estar por essa nuvem
Chorar faz-te velha
Ruinhas de ferrugem
E depois do cinema hoje é a rainha que vem nua
E eu não quero mais nada com ela
Podes vê-la despida!
E dou pontapés nas pedras enquanto que eu volto para a vila
Construo a bicicleta das migalhas com que pistas
Porque a vida só a bela entre as pernas da rainha

Contamos (contamos) estrelas (estrelas)
Para dar-te (para dar-te) desejos
E não (e não)
Posso ficar (posso ficar)
Sozinha a baloiçar.
Mas ninguém é quem quer,
E eu... não consigo
Dizer-te... que te amo até ao dia...

Não sei, se aguento, beber o teu veneno
Palavras leva-as o vento
E ainda bem põe-me doente
Olhos de quem me conhece os cantos
Quando olhas para as estantes
Livros são pontes para os nossos corpos distantes...
Poemas tu sabes tantos!
Problemas tu sabes cantos!
Calças de sonhos falsos
Somente amenizantes.
Pantomima e tropelia
Fazer papel de campo-tino
Claro que tou sem coração se tu levaste o meu contigo!
Construo nesta floresta, um casulo para morar
E vendo neste verso uma relação para durar.
Não te assustes com a minha forma, peculiar de entender
Que a vida é um miosótis azul e o tempo uma orquídea a arder

Primeiro (primeiro) a chuva cai (a chuva cai)
Para superar-mos os segredos
E de dia (e de dia)
Vazia (vazia)
Estrelas (estrelas) para pendura-las
E pintamos o mundo
(?) e vermelho
Para te levar ao fim da rua...

Wednesday, April 13, 2011

"Graffiti Proposal" by Ack!

Quando se ama e quando se é artista, mais que românticos, conseguimos ser originais e criativos. Este é um intitulado "Graffiti Proposal" em que tudo está relacionado com... amor. Vale a pena ver.

Monday, March 21, 2011

Amor, recordações e dor.

Ontem à noite desatei a chorar. Agora volto a chorar. Já nem tenho vergonha de o dizer, cheguei ao ponto de a perder. Ando perdido e apesar de eu aparentar ser forte, às vezes, há sempre um ou outro dia em que me volto a afundar e perco a respiração ansiando chegar à superfície... para voltar a respirar.
Acho que nunca cheguei à costa desde que ela saltou para outro barco. Facto é que sozinho seria impossível não me afundar. Os fantasmas do passado perseguem-me, a cada esquina, a cada lugar outrora especial, a cada música, a cada imagem. Às vezes, confesso sentir a falta do seu melhor, do seu amor! Quando algo ou alguém me pode magoar sem intenção, e basta que seja ligeiramente, perco-me num labirinto de tristeza e anseio o seu apoio, as suas palavras, o seu "eu compreendo-te, estou do teu lado". Mas hoje o seu coração já não se encontra aqui comigo.
Um dia, eu chorava por ter falta de amor, por desconhecer o amor. Hoje, choro por o amor me ter causado dor e de certa forma ainda me causar. Choro por me ter dado felicidade e me ter proporcionado os melhores momentos da minha vida... que já não os tenho tido. E choro... por voltar a desconhê-lo. No fundo, este misto é tão estranho, troca-me as voltas, fico tonto, canso-me e caio no chão redondo como uma bola. O amor... o amor pode ser o melhor dos céus, mas pode ser o pior dos infernos.



Tinha que desabafar aqui, este blog sempre foi o meu local de desabafo e escrita. O meu canto, e não é por as coisas mudarem, que o deixará de ser. A imagem e a música do vídeo, traz-me recordações. Eu não a queria esquecer, eu não a queria recordar... na verdade, eu não queria ficar a perder.

Wednesday, January 5, 2011

"Bottle" by Kirsten Lepore

Um excelente vídeo de Kirsten Lepore, intitulado "Bottle". Merece ser visto.

Morrer por amor. O amor é cego. Neste mar só navega quem não tem medo de naufragar...

Saturday, December 25, 2010

Feliz Natal



Aqui junto à lareira, oiço a canção de Natal que mais me comove ainda hoje. Comecei a cantá-la no Colégio Inglês, nessa língua e depois sempre em todas as línguas que sei. Cantei-a com a família, na Escola com os meus alunos, no Coro dos Jerónimos e agora com os meus netos.

É lindíssima e traduz o milagre desta festividade.


Sleep in heavenly peace....

Sunday, December 5, 2010

"O amor..." por Cátia Vide

"Sinto-me como um mendigo do teu amor. A esmola que me vais dando é cada vez mais escassa e adulterada.
Sozinho, envolvido no meu manto de luto desgastado, acorrentado às memórias de um amor mortal por ser tão indiferente, vagueio pela noite escura e gélida à procura da personalidade forte e segura que outrora tive. À procura do apoio em mim mesmo.
Dei-te demasiado, não em quantidade mas em credibilidade. Dei-te o que procuras em todo o lado, porque não o agarras-te? Se sem isso és uma perdida! Dei-te mais do que merecias, porque te considerava merecedora.
Fui o único que o senti, acima de todos os que tentaram senti-lo por ti. E não o afirmo verbalmente no presente porque já não o sinto, mas porque devo deixar de o sentir.
A lei da vida é esta: o que ofereces volta para ti de novo, a dobrar. Neste caso, a dor de uma solidão infinita, porque o espelho quebrado deixou de ter as suas duas partes unidas, como uma só, e restou-lhe apenas uma única imagem reflectida, a tua imagem, o teu ego.
Sinto tudo quebrado aqui dentro. E pouco haverá para fazer."

adaptado

Tuesday, November 16, 2010

ANIVERSÁRIO



Os meus Pais fariam hoje 70 anos de casados.

Já cá não estão, mas para nós, a família, serão sempre os pilares desta grande prole: oito filhos, vinte e um netos, trinta bisnetos, dos 69 anos ao 1 dia de idade. Espero não me ter enganado nas contas:)

Os meus Pais viveram sempre um para o outro e para os filhos. Viveram bem, gozando todos os momentos que a vida lhes proporcionou, o meu Pai procurando tornar o país melhor no campo da Pediatria, a minha Mãe, cuidando de nós e ajudando-o , sendo ela também parte integrante do seu brilhante projecto de vida e carreira. O meu Pai faleceu faz em Dezembro trinta anos, a minha Mãe sobreviveu-lhe mais vinte e dois anos, nunca o esquecendo e orgulhando-se sempre muitissimo do seu marido, de quem falava a toda a hora aos netos e bisnetos. teriam agora 98 e 92 anos, respectivamente, o que não foi possível, infelizmente.

Fomos privilegiados, sem dúvida e por isso, aqui fica a memória deles, que, à medida que envelhecemos, se nos torna mais nítida e transparente.

Duas peças de música que cada um apreciava e que me comovem sempre que as oiço.

Ao meu Pai:



À minha Mãe:



Bem hajam, onde quer que estejam!

Monday, July 26, 2010

DIA MUNDIAL DOS AVÓS



Hoje, 26, celebra a Igreja o dia de S. Ana e S. Joaquim, avós de Jesus, pelas Escrituras. Não preciso de dias especiais para comemorar o facto de ser Avó. Nem todos os dias são dedicados aos netos, muitos deles não são e nem sequer os vejo. Estão porém sempre no meu pensamento. E esse pensamento é afectuoso e doce, quente e saboroso.

Ontem fui passar parte do serão com eles e houve concerto. Pai e filhos tocaram para mim, senti-me bem e eles estavam felizes. O mais velho já toca violino com bastante precisão e sobretudo com expressão, o que me comove. O mais novo toca violoncelo ainda incipiente, mas acima de tudo adora shows, não pára de dançar, cantar, saltar, tudo ao ritmo da música, que lhe está na massa do sangue. O meu filho está a tocar piano cada vez melhor desde que compraram um instrumento novo para substituir o alemão muito antigo que viera de casa da minha Mãe em Lisboa e estava a desfazer-se.Para minha alegria tocou uma sonata de Beethoven, Bach e o Arabesque nº1 de Debussy que já a minha mãe tocava, em dias de calmaria.

A tarde estava a findar, a Lua Cheia a erguer-se avermelhada e o meu neto mais novo exclamou: "A Lua até parece a Terra! Mas não é, pois não? Nós estamos aqui em cima da Terra, não podemos vê-la assim redonda, tem de ser a Lua!" Depois acrescentou: "O Sol é uma estrela de fogo e tem tanta luz que ilumina tudo. A Lua não!"

Mas felizmente, há luar...como diria Stau Monteiro...

Fica aqui um poema aos avós modernos ( brasileiro)

Vovó século XXI

Como é bom ter uma avó!
Companheira que ela só,
Conta histórias de encantar
Branca de Neve - Cinderela...
Canta canções de ninar
Não me imagino sem ela

Conta que o lobo mau é bom
Que não comeu a avozinha
Foi tudo brincadeirinha
Pois quando o encontrou
No caminho da floresta
Deu-lhe tanto carinho
Que o lobo virou bonzinho
Mais parecia um cachorrinho
E pra ele tudo era festa

Ela inventa, e diz então
Que a vida é uma comprida linha
que a ponta final é a dela
E que a do início é a minha
Tenho que correr pra pegá-la
Soltando a imaginação
Um dia vou alcançá-la

Sabem que a minha avó,
Leva-me a passear
Acompanha-me à natação
E ensina-me a nadar?

Quando ela está por perto
Não tenho medo nenhum,
A minha avó é decerto
Vovó século vinte e um!


Isabel Correia da Silva e Sousa

E um vídeo lindo com a música e imagens a condizer:

Saturday, June 26, 2010

Adeus Luz-sob o signo do AMOR



Hoje foi o meu último dia de férias nesta linda praia...

Confesso que sinto já a nostalgia do regresso, antevejo o fechar-se da janela para o azul imenso, céu e mar em simbiose perfeita, jardim e flores, árvores, areia, rochas, água salgada, danças dentro de água com a minha filha, waffles com chantilly na esplanada dos ingleses, jogos de futebol em TVs gigantes, vida selvagem, sem horários nem planos , ao sabor do imprevisto...

Dantes, sempre que voltava para o meu apartamento da Ramada Alta, sentia que me fechavam numa caixa com menos espaço para respirar e durante dias tinha uma saudade enorme deste lugar. Por isso desejei sempre que a minhas cinzas fossem espalhadas por aqui, é o local do mundo que é mais meu, que me foi dado pelos meus Pais e que vai ser dos meus netos e bisnetos, se Deus quiser. É-me difícl encontrar outro lugar onde tantos elos da minha família se tenham encontrado, onde tantos tenham sido felizes em plenitude, cada um à sua maneira, mas com momentos de verdadeira VIDA.

Hoje tirei tres fotos que são momentos de AMOR. Por acaso.








Oxalá sejam tão felizes quanto eu fui nestes dias de férias!

Wednesday, June 23, 2010

BARCO À VELA



Foto tirada a 23 de Junho de 2010

Acróstico:

B endito
A mor
R aro
C almo e
O ndulado...

A mor azulado...

V ela da minha madura idade,
E moção do meu coração cicatrizado,
L uz do farol do meu porto tão procurado,
A ncora da embarcação da minha real felicidade...




Wilson Madrid

Tuesday, June 22, 2010

Sophia e o mar ( fotos minhas)




História Improvável


Iremos juntos sozinhos pela areia

Embalados no dia

Colhendo as algas roxas e os corais

Que na praia deixou a maré cheia.



As palavras que disseres e eu disser

Serão somente as palavras que há nas coisas

Virás comigo desumanamente

Como vêm as ondas com o vento.



O belo dia liso como um linho

Interminável será sem um defeito

Cheio de imagens e conhecimento.



Mar

De todos os cantos do mundo

Amo com um amor mais forte e mais profundo

Aquela praia extasiada e nua,

Onde me uni ao mar, ao vento à lua.


Signo, 1994

As Ondas

As ondas quebravam uma a uma
Eu estava só na praia com a areia e com a espuma
Do mar que cantava só para mim.




Dia do Mar

Wednesday, June 9, 2010

DIA de CAMÕES


Estátua do Homem do Leme - Foz do Douro
Quando andava no liceu, tive de estudar os Lusíadas, como todos os alunos que naquela altura frequentavam o ensino oficial. Os Lusíadas tinham o seu quê de tenebroso para uma menina habituada a ler romances - mais do que qualquer outro tipo de leitura - e mesmo esses , escolhidos pela minha Mãe ou irmãs. Era o tempo das Berthe Bernages, das Pearl Bucks , tudo muito soft e construtivo, para não dizer politicamente correcto. Lia muito, muito, mas tudo demasiado optimista e cor de rosa.
Os Lusíadas, ensinados pela minha professora, uma senhora de Trás-os-Montes com cultura para dar e vender, muito formal, mas excelente professora, encantaram-me. Adorava os pequenos episódios entre os deuses, os pedacinhos da História de Portugal que iam surgindo e que ela nos explicava dum modo empolgante, as lutas entre Marte e Vénus...era como um jogo de computador em que havia vencedores e vencidos. Depois havia a sintaxe, os exercícios que fazíamos sobre as frases em que o sujeito e predicado andavam a monte e era preciso uma lupa para os encontrar :)). E onde é que estavam os apostos....e os complementos circunstanciais de lugar e de modo??? Tudo empolgante para mim que adorava literatura. Tirei a melhor nota a Português no exame de 5º ano do meu liceu - 17,4. Fiquei maluca! Queria estudar Românicas, mas não existia essa alínea, só a de Germânicas. Fui estudar Inglês e Alemão. Mas continuei entusiasmada pela Literatura Portuguesa, tendo arrancado um 18, a melhor nota do 7º Ano. Não conto isto por vaidade, mas para mostrar como amava a nossa língua. Em Inglês tive 12 na escrita!!!

Mais do que os Lusíadas, fiquei apaixonada pelos sonetos de Camões. Como é que um homem que escreveu no sec XV, consegue ser actual nos tempo de hoje, para lá da maravilha silábica que segue todas as regras, a rima, e o conteúdo de cada poema!

Quando tinha 9 anos o meu avô meteu na cabeça que nós havíamos de aprender poesias de cor. Éramos seis irmãs e cada uma tinha a sua. A mim coube-me a que se segue. Ainda hoje a tenho na memória e é das que mais gosto:


Sete anos de Pastor
Sete anos de pastor Jacob servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
Mas não servia ao pai, servia a ela,
Que a ela só por prémio pretendia.

Os dias na esperança de um só dia
Passava, contentando-se com vê-la;
Porém o pai, usando de cautela,
Em lugar de Raquel lhe deu Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
Assim lhe era negada a sua pastora,
Como se a não tivera merecida;

Começou a servir outros sete anos,
Dizendo: − Mais servira, senão fora
Para tão longo amor tão curta a vida.



Hoje acredito no Amor. Já não acredito tanto na perseverança em conseguir realizar os nossos sonhos. Mas um poema não tem de ser real nem pragmático. O Amor existe. E o poeta finge que acredita.

Sunday, May 30, 2010

Para Alguem




ALGUÉM

Para alguém sou o lírio entre os abrolhos,
E tenho as formas ideais de Cristo;
Para alguém sou a vida e a luz dos olhos,
E, se na Terra existe, é porque existo.

Esse alguém, que prefere ao namorado
Cantar das aves minha rude voz,
Não és tu, anjo meu idolatrado!
Nem, meus amigos, é nenhum de vós!

Quando, alta noite, me reclino e deito,
Melancólico, triste e fatigado,
Esse alguém abre as asas no meu leito,
E o meu sono desliza perfumado.

Chovam bênçãos de Deus sobre a que chora
Por mim além dos mares! esse alguém
É de meus olhos a esplendente aurora;
És tu, doce velhinha, ó minha mãe!

Gonçalves Crespo

Miniaturas
Este poema é dedicado à minha sogra que faleceu ontem aos 95 anos.
Foi uma pessoas muito importante na minha vida, com traços positivos e negativos, mas deixando em mim uma marca profunda, um exemplo de fidelidade a si própria e aos seus princípios e de dedicação às crianças, com quem conviveu durante 40 anos nos cuidados primários do Instituo Maternal do Porto. Foi uma das primeiras médicas a licenciar-se na FMUP, com enorme valor e coerência de princípios. Segundo ela, a Medicina é um serviço e não uma profissão para um indivíduo enriquecer. Desactualizada? Talvez, mas um exemplo de vida a seguir.

Que repouse em Paz!

Friday, May 28, 2010

Gosto de ti...

Já ontem à noite queria fazer este texto... para ti. Sei que não deves andar contente, sei que deves estar farta, sei que deves estar triste, sei que te podes sentir sozinha, sei que podes ter aquela vontade de fugir para um lugar onde quisesses estar sozinha, longe dos problemas, longe de tudo aquilo que te incomoda. Mas não podes baixar os braços e tens de ser mais forte porque no futuro vais ter grandes problemas também e não é por isso que terás de dizer "desisto" e "deixem-me em paz" a tudo e todos.

Fico triste por não conseguires lutar tanto por mim, é verdade. Fico triste por não conseguires dar mais, não posso negar. Mas se eu for a dizer a palavra "fico" constantemente, estarei só a pensar em mim. Se eu for a ver bem, também tu deves ficar triste. E eu não quero que fiques triste e penses que és uma fraca. Fazes aquilo que podes, aquilo que consegues. A minha única esperança agora é que consigas fazer mais no futuro por mim, do que aquilo que fazes agora. Sim, eu disse "aquilo que fazes agora". Porque fazes alguma coisa; eu vejo o que fazes por mais que não me digas. E há pequenas coisas que tu fazes que me deixam contente e com uma lágrima no canto do olho. E são essas pequenas coisas que eu valorizo imenso!

Sabes uma coisa, dá o que conseguires. Luta sempre por aquilo que queres, o que poderes, mas luta. E não desistas nunca, porque para ser sincero... eu não quero que desistas. Sabes que estou lá para ti, sabes que estou mais perto do que aquilo que tu pensas por uma razão... porque gosto de ti, minha pequenina estrela.


Saturday, May 1, 2010

DIA DA MÃE


Nenufares- jardim Botanico- 2010

Pudesse eu, soubesse eu, escrever poemas à minha Mãe, como faz a minha amiga Regina ou o meu irmão Mário, se eu conseguisse traduzir em palavras tudo aquilo que sinto ao pensar nela, ficaria aqui até ao romper da aurora, que não tarda, e mesmo assim não bastaria.

Faz-me tanta falta a minha Mãe.
Fez-me falta logo no dia em que saí de casa para me casar em 1973, e depois quando deixei Lisboa em 1975, mais tarde em Chaves durante dois longos anos sem telefone em casa a 500km de distância, mais os vinte e cinco no Porto,cidade de que ela parecia não gostar e que só visitou duas ou tres vezes. Fez-me muita falta no casamento do meu filho e essa ausencia custou-me muito a perdoar.

Faz-me falta a minha Mãe desde que deixei de lhe telefonar a pedir conselhos, a dar-lhe novidades, a transmitir-lhe boas novas dos filhos, de mim e da nossa vida. Ficava feliz com cada vitória minha, com cada êxito dos meus filhos, elogiava-me e aumentava a minha auto-estima só de a ouvir.

Faz-me falta a minha Mãe desde esse dia - que é hoje o 7º aniversário, 2 de Maio de 2003, quando, pelo telefone, me anunciaram a sua morte aos 84 anos. De repente, o coração falhou. Ainda no Natal em sua casa, fizera um pequeno discurso para toda a família reunida, um discurso demasiado solene e que nos causou calafrios na espinha. Parecia que adivinhava...

Tudo o que sou aprendi ,em parte, com a minha Mãe. Ela adorava ensinar: a coser, a tricotar, a bordar, a passar a ferro com esmero, a cozinhar, a ler romances ou poesia, a interpretar e a apreciar filmes romanticos ou dramáticos, a tocar piano, a ouvir Chopin, a olhar para o mar, a sentir a areia, a cheirar a maresia, a fazer pausas para apreciar e respirar fundo, a viajar em paz e harmonia, a inventar, a imaginar, a sonhar e sobretudo a viver cada minuto da Vida...ela adorava VIVER.

Não fui a filha ideal. Sei-o bem. Distanciei-me muito para quebrar o cordão umbilical que me impedia de ser feliz longe dela. Estive tempos infindos sem lhe dizer quanto a amava, embora ela o soubesse. Tenho saudades dos telefonemas infindáveis a falar dos meus projectos e dos dela - tinha sempre algo para fazer...quanto mais não fosse a modificar a sua casa, que mudava de fisionomia todos os dias.

Tenho aqui a sua fotografia, com as rosinhas de s. Teresinha, que me ofereceram há dias. Penso nela. E, sem querer, vem-me uma lágrima aos olhos...só sabemos o que perdemos quando deixamos de o ter...

Uma pintura feita há meses para ela que nunca viu nenhuma minha. Nunca pintei antes de ela falecer.

E uma peça de música o Arabesque de Debussy, que ela própria tocava no piano, depois de almoço, quando nos sentávamos na sala todos juntos, sobretudo ao Domingo.Quando o meu filho toca esta peça agora, vem-me uma miríade de sensações e emoções.



Obrigada, Mãe.
Pois é, ainda estou acordada a estas horas, mas já vou dormir....os passarinhos já cantam e o céu já está claro...pode ser que a insonia já tenha passado.

Thursday, April 15, 2010

"Love Story" by Carlos Lascano

Há vidas que são verdadeiras histórias de amor. "Love Story" é um vídeo em stop motion realizado por Carlos Lascano que nos revela isso.

Tuesday, April 13, 2010

E ainda o Beijo - Poema de Olav Bilac


Enviado pelo meu mano senior. Obrigada!


Um beijo

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!

Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.

Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?

Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...

Sunday, April 11, 2010

La noche en la Isla - Pablo Neruda

Toda la noche he dormido contigo
junto al mar, en la isla.
Salvaje y dulce eras entre el placer y el sueño,
entre el fuego y el agua.

Tal vez muy tarde
nuestros sueños se unieron
en lo alto o en el fondo,
arriba como ramas que un mismo viento mueve,
abajo como rojas raíces que se tocan.

Tal vez tu sueño
se separó del mío
y por el mar oscuro
me buscaba
como antes
cuando aún no existías,
cuando sin divisarte
navegué por tu lado,
y tus ojos buscaban
lo que ahora
—pan, vino, amor y cólera—
te doy a manos llenas
porque tú eres la copa
que esperaba los dones de mi vida.

.


He dormido contigo
toda la noche mientras
la oscura tierra gira
con vivos y con muertos,
y al despertar de pronto
en medio de la sombra
mi brazo rodeaba tu cintura.
Ni la noche, ni el sueño
pudieron separarnos.

He dormido contigo
y al despertar tu boca
salida de tu sueño
me dio el sabor de tierra,
de agua marina, de algas,
del fondo de tu vida,
y recibí tu beso
mojado por la aurora
como si me llegara
del mar que nos rodea.



Pablo Neruda

Sunday, April 4, 2010

Saudade... (lembra-te de mim)

Foram bons estes dias com ela. Até mesmo a Páscoa. Infelizmente para mim, acabaram-se as férias. Acabaram-se porque eu considero ter férias quando estou tranquilo (de alma), quando estou bem! E só estou bem quando a tenho por perto. Ela vai partir. Dramatizo não sei porquê, se sei que ela vai voltar já neste Domingo. Parece que vai partir e só vai voltar daqui a muitos anos. Começa a apertar-me o coração e sinto calafrios. A saudade é - e desculpem-me o termo - lixada. Agora é que eu queria estar em França, em Paris, onde nasci! Agora sim, agora porque ela vai para lá. Outrora não quis, pois todas as amizades que aqui ganhei, todo este habituar, mas sobretudo... este amor, eu não poderia nem posso deixar.

Sei que ela se vai divertir. Assim o espero, e por isso fico feliz. O brilho dos seus olhos, o seu sonho de conhecer Paris vai-se concretizar. Por um lado, fico triste. Aqui fico eu. Lembro-me da minha cidade, da capital onde vivi os meus primeiros anos, e a saudade aperta. Aperta mais, ao saber que essa cidade vai raptar a minha vida, ainda que por uns dias.

Não tenho nada para fazer. Espero por ela, ansioso e triste. Espero por ela e espero ficar com ela para sempre.

O amor, a saudade, ambos fazem-nos chorar...

Devolve-me! Paris, não te esqueças de mim. Amor, volta! Não te esqueças de mim. Lembra-te de mim...