Showing posts with label beleza. Show all posts
Showing posts with label beleza. Show all posts

Tuesday, June 21, 2011

Cidade mater

Fui hoje à minha terra....

Estava menos bonita que o habitual, muito seca e ensolarada, passei por zonas bem feias e que me fazem lembrar aqueles filmes neo-realistas portugueses, Zona J, por exemplo. Tenho pena de nunca ver a parte mais bonita da cidade. Mesmo o parque expo está menos resplandecente, tudo parece sequioso. A estação do Oriente continua a atrair e a repelir-me. Betão e mais betão....por baixo duma abóbada monumental e esplendida. Uma feira do livro apetitosa, apetecia-me sentar ali e folhear aqueles livros todos.
À vinda - o comboio atrasou-se uma hora pelo caminho -ouvi música lindíssima dum compositor português, que há muito amo: Rodrigo Leão. Costumava compor e tocar com os Madredeus, mas a sua música era por vezes ofuscada pela voz (que eu não apreciava muito) de Teresa Salgueiro. Quando começou a sua carreira a solo, gravou CDs de música instrumental excelente. É uma música diferente do faduncho ou canção pimba portuguesa, talvez um pouco repetitiva às vezes ou minimalista - faz lembrar os Wim Mertens, os Yann Tiersen, os Glass, embora esses colossos sejam mundialmente conhecidos e Rodrigo Leão não tanto.

Eis o que encontrei na Wikipedia sobre o compositor:

A solo começa a explorar a combinação das suas composições clássicas-modernas com formas de canção e instrumentação mais tradicional, com a presença de Lula Pena ou Adriana Calcanhotto, no CD Alma Mater e correspondente digressão. Entre os seus convidados constam-se ainda Sónia Tavares e Nuno Gonçalves dos The Gift, e Rui Reininho dos GNR, que participou na gravação do seu álbum ao vivo intitulado Pasión. Quer o disco Alma Mater quer o próprio músico receberam dois importantes títulos de reconhecimento público, o de Disco do Ano (Pémios DN+) e o de Artista do Ano (Prémios Blitz).

Em 2004 editou Cinema, considerado pelo editor da revista americana Billboard um dos melhores discos editados nesse ano. Neste trabalho participaram Beth Gibbons e Ryuichi Sakamoto, entre outros.

Em 2006 lança um olhar retrospectivo sobre a sua carreira com O Mundo [1993-2006], acrescentando seis canções inéditas.

Em 2007 compõe a banda sonora original da série documental Portugal, Um Retrato Social, dirigida por António Barreto para a RTP. Baseada nos 18 temas do disco, surge a digressão nacional Os Portugueses.

Em 2008-2009 divide com Sérgio Godinho a responsabilidade da banda sonora da série de televisão Equador, que contém temas originais e temas pertencentes a trabalhos anteriores (Alma Mater, O Mundo [1993-2006], Portugal, Um Retrato Social) ou a sair nesse ano (A Mãe).



Fica aqui um exemplo desta música que me embalou durante toda a viagem de volta ao Porto. Este excerto é mais internacional do que outras, mas eu gosto muito dela.

Fiquei deslumbrada com a cor do rio Douro, às seis da tarde do dia mais longo do ano. Esta cidade é linda.

Saturday, June 11, 2011

Fora do mundo


Há locais que me fazem acreditar na Beleza, na Natureza, na Permanência....away from it all, como dizem os ingleses, embora esteja rodeada de gente.
A companhia do meu filho veio acrescentar uma mais valia a esta estadia curta, pois os meus sobrinhos com dois bébés pequeninos de 1 ano, mal têm tempo para levantar cabeça...as crianças hoje em dia estão muito dependentes dos pais e parece que têm receio de os perder a toda a hora, choram desalmadamente se um deles se afasta por minutos. Têm vícios que são acalentados por falta de cuidado dos pais em criar hábitos saudáveis e em recusar algumas coisas aos filhos, pensando que tem culpa por eles não estarem felizes. Penso que não era assim no nosso tempo, os eus filhos não levavam horas a adormecer, nem o faziam ao colo ou a mamar... Não tenho muita paciência para ouvir crianças a chorar , nem para tomar conta delas, quando não são minhas...fazer tegatés, falar à bébé, entretê-los não é comigo....sei que é uma falha minha, mas tive que aturar os meus sobrinhos a vida inteira e mais os filhos, os alunos e a paciência esgotou-se.
Gosto das crianças grandes, com quem se conversa, a quem se contam histórias, que sabem ouvir e que não estão sempre a querer atenção.

Esta vila continua linda e pasmo como ainda me comovo a ver o pôr do sol sobre a prainha ou as rochas da Ponta da Piedade lá no fundo, por detrás da Rocha negra, uma rocha vulcãnica, a única que existe aqui no Algarve, segundo dizem. Hoje andava um rapaz a tomar banho as 9 da noite e aquela figurinha no meio do oceano azul e dourado ao sol poente tornava tudo tão poético e irreal que tirei uma série de fotos.

Deixei-me fica ali a contemplar o mar, feliz e fora do mundo.

Friday, May 27, 2011

Tempo de flores e de amanhãs


Continuo o pléripo da floricultura na minha zona.
No caminho para a Solinca, em que percorro uns 800 m. Há flores por todo o lado, em casas grandes que devem tar jardineiros e rega automática, jardins abandonados como o da Casa das Artes que até faz dó, com agapantos a brotar à míngua de água, cantos e recantos junto aos prédios que penso serem tratados pelos condomínios e estão maravilhosos, jardinzitos que até parecem terem sido oferecidos a alguém e adoptados à nascença. Pasmo de admiração, pego na minha máquina ou Ipod e fotografo-as todas, pois adoro vê-las vezes sem conta no computador. Ponho-as aqui ou envio-as para o facebook, onde são muito apreciadas, todos gostamos de flores.
Não resisto a partilhar as que tirei hoje convosco. Talvez vos embeleze um pouco a vista toldada por esta campanha eleitoral tão deprimente. Talvez vos alegre saber que à beira das nossas casas, a Natureza continua viva e viverá para lá das Troikas, das quezílias, da corrupção, do desalento, da pobreza e da ausência de futuro. Cada flor é uma promessa de amanhã.


FLORES

Era preciso agradecer às flores
Terem guardado em si,
Límpida e pura,
Aquela promessa antiga
Duma manhã futura.



Sophia de Mello Breyner

Mulher na água - Cutileiro

Há muitas estátuas de Cutileiro de que não gosto, como por exemplo, a de D. Sebastião, plantado no largo em Lagos. Penso que as melhores esculturas dele são as de mulheres, com formas generosas e muito sensuais.

No health club Solinca têm uma à entrada para a piscina que me encanta. Uma mulher nua semi oculta pela água, com longos cabelos e uma cabeça grande.

Ontem resolvi tirar umas fotos e ficaram bonitas.



Fica aqui um poema de Rabindranath Tagore que se coaduna com esta escultura.

A Mulher Inspiradora

Mulher, não és só obra de Deus;
os homens vão-te criando eternamente
com a formosura dos seus corações,
e os seus anseios
vestiram de glória a tua juventude.

Por ti o poeta vai tecendo
a sua imaginária tela de oiro:
o pintor dá às tuas formas,
dia após dia,
nova imortalidade.

Para te adornar, para te vestir,
para tornar-te mais preciosa,
o mar traz as suas pérolas,
a terra o seu oiro,
sua flor os jardins do Verão.

Mulher, és meio mulher,
meio sonho.



Rabindranath Tagore, in "O Coração da Primavera"
Tradução de Manuel Simões

Wednesday, May 25, 2011

As flores do Verão

Hoje passei por um jardinzito que fica junto aos prédios da Rua António Cardoso e que, num pedacinho de terra minúsculo, ostenta as mais belas flores que se podem ver nesta época de quase verão. Levava um saco do Pingo Doce, ia cansada, mas tive de pousar tudo e pegar no meu Ipod Touch para eternizar a beleza que ali naquele cantinho da rua chamava por mim.
Não sei quem cuida daquelas plantas, quem as semeou, mas elas ali estão frescas, lindas, combinando os seus vermelhos e o seu perfume. É raro ver flores tão bem tratadas, tão apelativas assim no meio da rua. Dou graças a Deus por ainda existirem e por ninguém as cortar, vandalizar ou pura e simplesmente esquecer.

Ocorreu-me este soneto de Shakespeare, um dos mais bonitos dele, que trasncrevo traduzido e na versão original.

Shall I Compare Thee To A Summer's Day?

by William Shakespeare (1564-1616)


Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate.
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date.
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair sometime declines,
By chance or nature's changing course untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou ow'st;
Nor shall Death brag thou wander'st in his shade,
When in eternal lines to time thou grow'st:
So long as men can breathe or eyes can see,
So long lives this, and this gives life to thee.




Comparar-te a um dia de verão?
Há mais ternura em ti, ainda assim:
um maio em flor às mãos do furacão,
o foral do verão que chega ao fim.
Por vezes brilha ardendo o olhar do céu;
outras, desfaz-se a compleição doirada,
perde beleza a beleza; e o que perdeu
vai no acaso, na natureza, em nada.
Mas juro-te que o teu humano verão
será eterno; sempre crescerás
indiferente ao tempo na canção;
e, na canção sem morte, viverás:
Porque o mundo, que vê e que respira,
te verá respirar na minha lira.

William Shakespeare, in "Sonetos"
Tradução de Carlos de Oliveira

Sunday, May 1, 2011

Say it with flowers

Esta expressão é usada em inglês para significar a oferta de flores a alguém que se ama. As flores são símbolo de graciosidade, de frescura, de beleza e amor. Penso que não haverá ninguém que não goste de receber flores, refiro-me às mulheres em especial, mas os homens também gostam delas.
O meu Pai tinha uma verdadeira paixão por elas e era ele que escolhia todos os anos as sementes, os bolbos, os pés das flores que encheriam os canteiros do jardim de cor, de odores, de beleza visual. Quando chegava do consultório, na Primavera e no Verão, saía do carro e passava algum tempo no jardim, falando com as flores, observando as árvores de fruto, cortando as ervas ou, simplesmente, passeando.

Como o compreendia! Também adorava aquelas flores e ia apanhá-las muitas vezes para as colocar em jarras, acho que aprendi a fazer arranjos e a ter um especial afecto por flores naturais com ele.
Hoje, Dia da Mãe, passei a tarde sozinha, mas saí para ir ao Botânico, onde várias famílias passeavam. As crianças corriam contentes, as flores abundavam, a tarde estava um pouco nublada, mas a luz era prateada. Estive ali tempo infindo de máquina na mão, a tentar capturar a beleza de cada flor - há mais de vinte espécies dferentes, é uma verdadeira explosão primaveril.
Ouvi também música antiga enquanto passeava, cada vez gosto mais dos instrumentos do século XVI. É uma música com ritmo e dança, mas também conotada com amores românticos, donzelas, bailes corteses, rituais e castelos medievais. Repousa-me.

Ao sair do jardim, sorri para Ruben A, cujo busto está à entrada, pensando na pessoa que eu conheci na FLUL, e no seu filho Pocas que foi meu aluno em Lisboa.Morreu precocemente aos 50 e poucos anos. Como ele teria gostado de estar aqui!


Fui jantar com os meus dois netos mais velhos no BBGourmet, que fica aqui perto de casa.Adorei Vê-los devorar - é o termo - um prego no prato com batatas fritas e ovo e repartir um gelado no fim. Foi um Dia da Mãe diferente.

Aqui fica um extracto da música que ouvi e fotos tiradas neste jardim que tenho a sorte de poder gozar em frente da minha casa.

Saturday, March 26, 2011

Primavera

Tenho uma sobrinha de 11 anos, que nasceu com um problema de visão, não conseguindo ver nada dum dos olhos e muito pouco do outro. Já fez muitos exames e operações à córnea, mas os resultados não são ainda muito animadores. É uma miúda feliz, com pais devotos e corajosos, três irmãos mais novos que a ajudam e toda uma família unida, o que é uma mais valia preciosa. A Laurinha já aprendeu a ler e faz tudo o que os outros meninos da sua idade praticam, mas com um esforço muito maior, tendo que usar tecnologias avançadas para poder ver os livros em ecrans, aumentados por meio de lentes. Tem tido notas óptimas, apesar da sua deficiência. A minha sobrinha Catarina, que escreve neste blogue, é para mim, um exemplo de tenacidade e realização pessoal, pois renunciou a muitas outras coisas na sua carreira e na vida para poder acompanhar a filha mais velha e ainda se ocupa dos outros três filhos, dois dos quais gémeos de 5 anos.

A Laurinha fez há dias uma poesia à Primavera, que foi publicada no nosso blogue de família. Não resisto em publicá-la aqui, juntando-lhe um desenho feito pelo meu neto há umas semanas.


Olhei para uma branca e fria tela,
e resolvi pintar
a mais linda Primavera
Com borboletas a voar,
flores a desabrochar…
Há tanta coisa bonita…
Por onde hei-de começar?
Então no pincel peguei
e as planícies verdes pintei.
Não me esqueci das flores coloridas
que pintei com cores mortas e garridas.
Também desenhei os passarinhos,
uns grandes
e outros pequeninos.
Mas todos a planar,
no céu azul que acabei de pintar.
E assim eu vejo a Primavera,
pintada numa simples tela!

Laura

Sunday, March 13, 2011

Exposição de Camélias- Biblioteca Almeida Garrett- Palácio de Cristal - Porto

Hoje fui ver a Exposição. Fui com o meu ex- depois dum almoço a três numa churrascaria da Rua da Saudade. Estava a chover e não tinha chapéu de chuva, de modo que a boleia soube-me bem:)

Não há muito a dizer da expo, era mesmo só para ver...as fotografias tiradas no local expressam bem a beleza duma amostra destas.
Junto um poema descoberto no blogue Poesia e Paixão e um vídeo ao vivo dum concerto no Royal Albert Hall, em Londres, com a mais célebre ária da ópera "A Dama das Camélias" - Traviata - de Verdi
Brindo como os cantores à Beleza, às Flores e ao Amor!



Quem é essa mulher que passa,

Qual ramalhete de flores vermelhas e aveludadas

Em laçarotes negros de cetim

E a fragrância de sua inebriante existência

Me prende por instantes os sentidos...


Que guerreira é essa,

Que o tempo não lhe rouba o arco,

Não empresta vigor, não vende coragem,

Não barganha contra si própria

A determinação de amar e ser amada,

Como "Carmem", sem temor, nem pudor...

...


Que canção é essa composta

À luz da liberdade de estrelas,

Que faz da força do sol sua melodia

E da beleza da lua, sua harmonia...


Ouço um coro de fadas que,

Neste caminho de celebração à vida,

Espargem pétalas de flores vermelhas e aveludadas

E num rompante festivo e majestoso

As vozes celebram:


"Esta é a Camélia Vermelha,

De todas as fadas,

De todas as flores,

De todas as damas!"

Eloise Barreira

Saí da exposição com os olhos cheios de cor e de luz, mas o cenário mais belo estava cá fora, à chuva, à minha espera....

Thursday, February 17, 2011

Mahler - música da indefinição e angústia


Oiço a 4ª Sinfonia de Mahler no MEZZO, tocada pela Sinfónica de Viena, dirigida por Claudio Abbado, um ícone do século passado, um senhor.
As cordas tocam adstringentes por vezes, os sopros murmuram ou avançam audazes, os violinos cantam uma melodia harmónica e nostálgica, a atmosfera é indefinida quase religiosa, como se estivéssemos no espaço a olhar para uma infinidade de estrelas numa noite escura. De repente os sopros irrompem pela sala adentro como que a anunciar a chegada do astro-rei, mas os violinos continuam a sua melopeia inquietante....a harpa acorda...o som é cada vez mais ténue, mais fugaz....

Lindo...sempre gostei de ouvir Mahler ao vivo, é diferente do CD.

Quase toda a gente associa este compositor ao filme Morte em Veneza de Luchino Visconti, um dos mais belos filmes que jamais vi, com a música do compositor e a cidade envelhecida em pano de fundo. Local onde o escritor na obra de Thomas Mann decide acabar os seus dias e se apaixona por um jovem lindissimo na praia do Lido. Amor platónico, limitado a olhares e breves trocas de palavras. Um filme muito triste como o Adagietto da Sinfonia nº5, que acompanha os sentimentos do escritor, interpretado magnificamente por Dirk Bogarde.

Fica aqui uma pintura que fiz no ano passado, inspirada numa fotografia que tirei há dez anos. A fotografia foi digitalizada, mas manteve as cores do original. A pintura é quase igual...

Encontrei este vídeo com poemas de poetas brasileiros e portugueses e imagens de Veneza acompanhadas da música plangente de Gustav Mahler.

O meu Pai adorava este movimento da sinfonia e este filme....muitas vezes ouvimos esta peça juntos.

Saturday, February 5, 2011

MUSE - música do outro mundo

Já aqui falei várias vezes desta banda inglesa que tem feito um trabalho excepcional dentro da música considerada alternativa. Os Muse têm canções mais ou menos audíveis, embora duma maneira geral todas elas sejam pautadas por um instrumental fabuloso, composições originais e uma voz derrapante que atinge a perfeição nalgumas canções, levando o ouvinte aos píncaros da emoção. Tenho ouvido esta banda no meu Ipod sempre que faço exercícios no ginásio e verifico que esta música exerce um poder quase hipnotizante, ajudando-me psiquicamente a aguentar o esforço físico durante uma hora.

Hoje descobri vários vídeos no Youtube que gostava de partilhar convosco porque as imagens são todas elas do Espaço, corpos celestes, estrelas, cometas, auroras boreais, cores lindíssimas, que nem a nossa imaginação e pincel consegue traduzir. Estas são três partes duma Sinfonia que Mathew Bellamy, a alma dos MUSE compôs e em que junta à sua voz e melodias pedacinhos de música clássica conhecida. É o próprio Bellamy que toca o piano.





Tuesday, January 25, 2011

Os Dales

Ontem comecei a fazer um quadrinho inspirado por uma foto dos Dales, região no norte da Inglaterra, onde se desenrolava a célebre série da ITV "Veterinário de Província" baseada nos livros de James Herriot, sendo ele próprio o retratado.
Quando fui a York pela primeira vez em 1993, fiquei encantada com as lojas de artigos típicos da região, casacos de lã feitos à mão, camisolas de tweed, casacos castanhos de fazenda grossa, chapéus, cachecois, tudo a lembrar a série. Trouxe para o meu ex- um casaco que ele usou durante anos e que morreu de velho, depois de levar cotoveleiras e ser cosido várias vezes.
Toda aquela região dos Dales é verde, dum verde amarelado mais ou menos discreto conforme lhe dá o sol ou passam nuvens. Salpicados na paisagem vêem-se rebanhos minúsculos que quase parecem malmequeres brancos de tão pequeninos na imensidão verde. É uma região lindíssima, que inspira paz e serenidade, cheia de pubs, quintas com cercas baixinhas com portões, por onde se pode passar livremente. A minha filha mora a uma hora deste paraíso, só é pena nenhuma de nós conduzir, temos de ir de comboio ou de camioneta para ver os locais.
Hoje acabei o quadrinho há pouco. Está a secar...faz-me bem olhar para ele.

Sunday, January 23, 2011

O PORTO QUE EU (LISBOETA) VEJO TODOS OS DIAS

Enquanto ouvia os resultados das eleições e sentia um desinteresse total pelos comentários dos media, resolvi compilar um vídeo com 50 fotos do Porto, a preto e branco, que tirei de 2009 a 2011. Juntei-lhe música de Wim Mertens que tenho no meu I'Tunes. Penso que dará uma ideia da beleza e romantismo desta cidade. Poderia fazer outro diferente, há mil e um locais que não fotografei. Oxalá gostem!




Vejam o vídeo em ecran total porque vale a pena!


Boa semana!

Monday, January 17, 2011

Porto a preto e branco

Há tempos fiz um vídeo do Porto com fotos tiradas por mim em diversas ocasiões e convertidas a preto e branco. Ontem juntei-lhe mais outras tantas, a colecção perfazendo mais de 40 fotos. Tenciono mandar fazer um album com poesia à mistura, ou uma espécie de anotações sobre o que me ocorre ao olhar aquela foto e aquele local.
Esta cidade é linda...para mim o cantinho mais romântico de Portugal. Não é uma cidade faustosa como Lisboa, a minha cidade natal, brilhante, nova-rica e macrocéfala. É tão portuguesa, tão pejada de igrejas, monumentos, lojas,mercados que cheiram a antigo...e tem um je ne sais quoi que atrai os verdadeiros turistas, aqueles que amam a História por detrás dos símbolos.

"A minha cidade"

A minha cidade não se chama Lisboa,
não tem cheiro a sul
e nem por ela passa o Tejo,
mas como ela, tem Nascentes
leitosos e marmóreos...
Na minha cidade os Poentes são de ouro
sobre o Douro e o mar
e só ela tem a luz do entardecer
a enfeitar o granito...
Na minha cidade, tal como em Lisboa
há gaivotas e maresia
mas não há cacilheiros no rio
há rabelos
transportando nectar e almas...
Da minha cidade nasce o Norte
alcantilado, insubmisso
e o sol, quando chega, penetra-a
delicadamente, carinhosamente,
depois de vencido o nevoeiro...
Na minha cidade também há pregões,
gatos, pombas, castanhas assadas e iscas
e fado pelas vielas, pendurado com molas,
como roupa a secar nos arames...
A minha cidade tem também tardes languescentes,
coretos nas praças
velhos jogando cartas em mesas de jardim
e o revivalismo de viuvas e solteironas
passeando de eléctrico...
É bem verdade que na minha cidade
a luz, não é como a de Lisboa
mas a luz da minha cidade
é um frémito de amor do astro-rei
a beijá-la na fronte, cada manhã!...


Maria Mamede


Wednesday, November 24, 2010

JORDI SAVALL

Ouvi-o só uma vez na Casa da Música, embora ele já cá tenha estado em Portugal muitas vezes.

É um génio na viola de gamba e o som deste instrumento leva-me a recordar o filme maravilhoso Tous les matins du Monde, com o enorme Gérard Dépardieu, o Cyrano que nunca esqueci.

No Mezzo vão transmitir uma série de concertos de Jordi Savall, música antiga que nos faz vibrar e sentir o sabor da Idade Média, dos bailes da corte, dos torneios e banquetes. Começam já hoje.

Um amigo meu quis que o seu casamento fosse acompanhado da música deste maravilhoso compositor e o ambiente estava mais original, tanto mais que celebrado na Pousada do Marão, com as montanhas a perder de vista.

Se puderem, vejam-este intérprete ao vivo no Mezzo, é liiiindo!



Thursday, October 14, 2010

E nem de propósito

Ao serão, buscando alternativas à maldita TV e suas notícias aterradoras, encontrei uma pérola no YouTube. Sem palavras.



Vejam, oiçam e acreditem que ainda há coisas lindas neste mundo!

Um óptimo fim do dia.

Friday, October 1, 2010

DIA MUNDIAL DA MUSICA


O que seria de nós sem a MÚSICA?

Não concebo a minha existência sem ela. Desde que nasci e que me conheço que oiço música, vivo a música, promovo a música, uso a música para me lembrar da essencia do nosso Existir, da Beleza, da Harmonia, do Ritmo, do Espectáculo, da Vivência que a Música só por si contém.

Em casa dos meus Avós adormecia ao som da música clássica que o meu Avô ouvia no seu escritório - Emissora 2 - uma das recordações mais remotas que conservo, a par dos carros eléctricos que desciam a R. Alexandre Herculano vertiginosamente. Em minha casa havia sempre um disco a tocar ou no andar de cima - a nossa música pop rock - ou no andar de baixo, clássica e romantica, ou alguém a tocar piano, a minha Mãe , os meus primos, dotados para o improviso, os meus irmãos em aulas de piano.

Depois de casar continuei a ouvir música clássica e ainda dos programas A 23ª Hora, por exemplo e Enquanto for Bom Dia e depois, Oceano Pacífico, com música xarope, como lhe chamava a minha sobrinha Catarina!Os meus filhos foram nados e criados no meio musical. Para adormecerem, punha uma cassete do James Last ou do Richard Clayderman com excertos de musica clássica, alguns destes ainda eles chamam música para adormecer...:). Fui a muitos concertos da antiga Regie Symphonie, depois Orquestra do Porto, dei aulas de Inglês na Escola Profissional de Música, uma das experiências mais interessantes do meu currículo.

DIA MUNDIAL DA MUSICA devem ser todos os dias da nossa vida. O que aconteceria se houvesse sempre música clássica nas prisões, nas escolas, nas igrejas?...


Ficam aqui dois dos excertos mais belos e avassaladores que conheço.

Sâo da banda sonora do filme O Piano, talvez um dos filmes que mais me impressionou na vida e outro de Amadeus, homenagem a um dos maiores génios que jamais existiu.

Thursday, September 23, 2010

O outono aqui tão perto



Pois é, já acabou o verão, este ano, com muito calor sobretudo lá para o interior e sul, que aqui no Porto nunca se sufoca e há sempre a brisa maritima refrescante que nos é oferecida pela nossa localização privilegiada. Chove mais? Dizem que sim, mas esta chuva é benfaseja, os verdes não são castanhos, os rios são caudalosos, há cascatas no Gerês, há cambiantes de luz no céu, o azul não é todo uniforme como as vezes em Lisboa, a ferir os olhos.
Segundo o meu amigo Pedro Freire, a cidade é iluminada pelo reflexo do sol nas pedras graníticas das construções antigas e possui um encanto diferente mais romantico e menos banal.


Em Portugal o Outono começa no calendário antes de se notar na natureza. As árvores da minha rua estão bem verdes ainda e só lá para fins de Novembro, estaremos envolvidos em sinfonias de castanhos, vermelhos e amarelos dourado.
O Jardim Botanico esta semi fechado, andam a preparar uma exposição e a restaurar a casa Andersen, já não era sem tempo. Não tenho ido lá, a ideia de ver máquinas e gruas não é bem aquela que mais aprecio...:)

Hoje vou continuar com a minha experiência de óleo. Só tive uma aula, mas achei interessante pintar com um material que não seca, tem cheiro e cores brilhantes. Vamos a ver se consigo fazer alguma coisa com tantas cores.

Um poema outonal feito numa escola e pinturas, que já ofereci aos meus familiares.

Que o Outono seja belo este ano para todos vós! Calmo e relaxante, sem grande sobressaltos. Para mim vai ser diferente...


AGUARELA DE OUTONO


Âmbar, dourado

E fulvo também!

Matiz de castanho

Lá vem o Outono

Que encanto tamanho...



Na brisa do ar

As folhas ao vento

Quais estrelas cadentes

Aguarela e desejo

São carícias de beijo

No rosto do chão

São húmus, são seiva

Da Mãe Natureza

Em renovação!...