"Os adultos passam a vida a elevar a fasquia no que toca às crianças inteligentes, sabendo de antemão que elas estão perfeitamente à altura. As crianças ficam de tal maneira assoberbadas pelas tarefas que lhes são distribuídas que, aos poucos, acabam por perder toda a espécie de espontaneidade e sentimento de dever cumprido que à partida naturalmente possuíam. Nessas circunstâncias, as crianças tendem a meter-se dentro da sua concha e a guardar tudo para si, sendo preciso muito tempo e um considerável esforço para que se voltem a abrir ao mundo".
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"Mas ao escutar a Sonata em Ré Maior apercebo-me das limitações próprias da capacidade humana e torna-se claro para mim que, até certo ponto, a perfeição só pode ser atingida através de uma série de imperfeições. Além de que, pessoalmente, acho isso inspirador".
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"As pessoas fartam-se depressa de tudo o que lhes provoca excitação mas não do que é monótono."
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"É tudo uma questão de imaginação. A nossa responsabilidade começa na capacidade de imaginar. Tal como Yeats disse: «Nos sonhos começa a responsabilidade». Vira isto às avessas e podes dizer que onde não há capacidade de imaginação, não pode haver responsabilidade."
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"Pela minha experiência, quando alguém se esforça muito para obter uma coisa, por norma não a consegue. E quanto mais se foge de uma coisa, mais depressa ela vem ter connosco."
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"A felicidade só tem um rosto, mas o infortúnio dá-se a conhecer ao homem em todas as formas e feitios. É como Tolstoi disse: a felicidade é uma alegoria; a infelicidade uma saga".
in "Kafka à beira-mar", de Haruki Murakami