Wednesday, January 19, 2011

Bicho de sete cabeças (?!)


Eu e as conversas e as conversas e eu...

Amiga que começou uma relação recente com um homem mais velho. Anda um pouco insegura (talvez por ser mais velho, digo eu) pois age como se fosse a sombra dele e quer saber tudo o que ele faz, o que ele pensa e afins...
Há uns dias atrás ele diz-lhe, de uma forma descontraida (segundo ela), que ele tem o hábito de se masturbar.  Gosta, independentemente se tem companheira ou não. Sente-se bem com aquele acto, com aquele momento só dele, mas ela não entende isso e liga-me...

Amiga-  (Depois dos cumprimentos habituais): Amiga, nem acreditas no que acabei de saber... nem sei como hei-de contar pois estou confusa, mas preciso falar senão vou ficar maluca!
Eu- (Preocupada pelo tom de voz): Compreendo, mas aconselho a começares do início. Fica mais claro para ambas e a minha interpretação será mais produtiva para te poder ajudar. Chuta!
Amiga- O A disse-me na cara que se masturba! Mesmo estando comigo!! Essência, eu não compreendo que necessidade ele tem de se masturbar se me tem a mim!! (Estava completamente alterada)
Eu- Calma! Estás muito nervosa e por isso não estás a conseguir racicionar com coerência. Queres que descortine o teu ponto de vista e o dele? ( Já à nora com a reacção dela)
Amiga- Preciso entender o que para mim não tem lógica! Se conseguires até... nem sei... acho que te dava um beijo na boca! (Momento de descontração)
Eu- (Risos): Doida!! Não preciso de tanto, mas acho que consigo. Afinal parece-me ser um acto inócuo.

Depois de pensar para o meu decote em fracções de segundos sai isto!

O ponto de vista dele: é normal um homem masturbar-se. É uma maneira de libertar a tensão que muitas vezes adquire. Todos nós temos necessidade de sentir prazer. Isto é um ponto assente. Essa necessidade pode ser preenchida de várias formas e a masturbação é apenas uma delas. É um acto íntimo de exploração do próprio corpo, perfeitamente saudável, seguro e inofensivo. Por mais companheiras/os que se possam ter durante a vida quem melhor do que nós para saber qual a melhor forma de obter prazer? A masturbação é a maneira mais fácil de o conseguir. E essa descoberta também pode ser utilizada com a companheira para que o acto sexual entre ambos seja mais prazeiroso. Dizer à companheira o que ela pode e deve fazer durante o acto melhora a experiência sexual, na medida em que se redescobrem novas e melhores formas de obter prazer. Mas isso só acontece se o casal tiver uma mente aberta. É absurdo que a masturbação seja vista com um acto de traição ou como um substituto do/a companheiro/a. Deve ser visto sim como uma experiência que pode enriquecer sexualmente a vida de um casal e isso começa com o à vontade de se falar sobre isso. Não há que o esconder nem ter vergonha de se dizer que o faz!

O ponto de vista dela: Não aceita que o companheiro se masturbe porque na óptica dela é uma forma de ele a trair! (Metaforicamente falando, claro!)
Para ela a masturbação é uma rival! Isto porque com a masturbação ele consegue atingir prazer que não passa necessariamente por ela. Com isto ela  sente-se renegada para segundo plano. O foco dela é tão deturpado que não consegue ver o óbvio! Não consegue entender que é um acto normal no ser humano. Uma forma de libertar a tensão acumulada, por exemplo. Ou porque viu-falou-pensou em alguma situação que levasse ao estado-necessidade de libertar essa mesma tensão. Isto  aplica-se para ambos os sexos! Contudo, e infelizmente, um dos parceiros quando não entende, é porque vive obsessivamente aquela relação ao ponto de achar que o parceiro é unicamente dele/a. Só esse pensamento é doentio pois apesar de haver uma relação, ninguém é de ninguém!! Mesmo que moralmente se saiba que existe um "compromisso". Contudo as pessoas esquecem-se que masturbar não é trair, mas sim um acto puramente individual ou a dois caso haja o consentimento de ambos.
Enquanto ela não entender tudo isto nunca em tempo algum irá aceitar tal acto que pode ser bastante gratificante para ambos como casal ou mais que não seja de compreender o acto em si.

Em suma, tudo o que foi aqui relatado eu disse-lhe, mas ela não encaixou. Será um dilema que só ela terá que descortinar. No seu tempo à sua maneira... pois eu não consegui!