Pois é, vamos lá pôr as cartas na mesa! Desde antes do Natal que comecei (novamente) a entrar numa espiral descendente e ainda não tinha parado de o fazer. Claro que me ponho com conversa motivadora, a ver se reagia mas todos os dias têm sido uma merda. Entrei no novo ano mais gorda e recuso-me a subir à balança porque acho que engordei bastante: já noto na roupa, o 42 que estava a começar a ficar largo, agora está apertado...
E é assim que acontece e já aconteceu em vários momentos da minha vida: entupo-me de comida, engordo, sinto-me horrível e passo a ter desculpa para me esconder e para fugir de tudo. Começo por não querer sair de casa e como. Deixo de me arranjar e como. Quando chegasse a altura de enfrentar todas as coisas que me andam a encher a cabeça, iria adiar, iria inventar desculpas, iria deitar tudo a perder porque engordar dá-me a desculpa para poder falhar, como se justificasse qualquer erro.
Ontem dei o primeiro passo, real, para sair disto: contei tudo ao Príncipe, contei que tenho andado sempre a comer, que me sinto muito mal, que estou a enfraquecer-me. Ele sabe do meu problema com as compulsões, tem sido um amigo incrível e, uma vez mais, apoiou-me, fez-me sair de casa para ir ao ginásio e andou a puxar por mim nos exercícios todos. Mal engordo fico logo com a paranóia de que ele vai ter vergonha de mim e de ser visto comigo: sou tão parva, ele mostra-se sempre orgulhoso por estar ao meu lado. E voltar ao ginásio é uma boa estalada na cara, vi logo a dimensão do estrago, fiquei logo danada da vida!
O que aconteceu à Daniela serviu para me despertar. Em 2006, no primeiro dia do ano, perdi o meu melhor amigo num acidente de automóvel e eu só conseguia sentir-me culpada por estar no mundo e ele não ter essa oportunidade, tive vontade de me anular e foi o que fiz. Só ao chegar a 2011 e depois de ver partir alguém tão lutador como a Aleinad é que começo a sentir que realmente quero voltar a ser visível, parte do mundo, quero que o meu querido Boavida tenha orgulho de mim: vou endireitar a minha vida!
Falta-me a segunda parte desta minha revolução: o meu novo ano começa agora!