«Dirigentes escolares pedem suspensão do modelo de avaliação
Lusa / EDUCARE | 2011-02-14
Perto de 250 dirigentes escolares pediram no sábado, em reunião realizada no Porto, a suspensão do actual modelo de avaliação docente, alertando que a situação nas escolas está a tornar-se "bastante degradada" devido à "não exequibilidade" daquele modelo.
Segundo disse à agência Lusa o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel António Pereira, esta foi uma das conclusões do 1.º Encontro Nacional de Dirigentes de Escolas Públicas, havendo a intenção da ANDE de apresentar esta e outras propostas em reunião a solicitar ao Ministério da Educação (ME).
O encontro visou analisar quatro questões fundamentais, designadamente contrato de compras públicas, avaliação docente, agregação de escolas e organização do próximo ano lectivo, tendo sido patente o "grande descontentamento" dos dirigentes escolares relativamente à "falta de sensibilidade" do ME e do Governo quanto ao que "está a acontecer nas escolas".
Relativamente ao contrato de compras públicas, foi decidido, por maioria, repudiar a obrigação da utilização da central de compras por "inadequação absoluta à realidade das escolas".
Quanto ao modelo de avaliação docente, os participantes concluíram que o mesmo "não é exequível, justo e transparente", sendo "burocrático e inibidor do trabalho de cooperação" que é fundamental para se obter uma "escola de sucesso".
De acordo com Manuel António Pereira, este modelo de avaliação promove a "conflitualidade" e prejudica o trabalho docente nas escolas, tendo sido pedida a sua suspensão.
Em relação à agregação das escolas, o presidente da ANDE entende que, com o objectivo de poupar dinheiro, o Governo está a juntar escolas, mas que nenhum processo de agregação deveria avançar sem o acordo da comunidade educativa, incluindo as autarquias.
Nesse sentido, foi defendido que haja um período de discussão pública local sobre as vantagens/desvantagens da agregação de escolas, tendo presente a necessidade de estipular um número limite razoável de alunos para cada junção desse tipo.
Os dirigentes escolares mostraram-se também preocupados com a organização do próximo ano lectivo, em que se propõe uma "redução substancial" de horas para projectos, o que pode levar à desmotivação de professores e alunos, numa altura em que a "depressão social está a chegar às escolas com muita força".
"Era preciso que a escola tivesse outra capacidade de resposta", observou Manuel António Pereira, notando que questões como o desemprego das famílias estão a reflectir-se no sistema escolar.
Relativamente à forma como as escolas têm agora de encomendar produtos, obedecendo ao código de contratos públicos, vários foram os dirigentes a considerar que os "constrangimentos são mais do que muitos".
De acordo com um dirigente, "aplicar a disciplina de quem gere milhões a quem gere tostões" não funciona, sendo que não foi dada formação sobre o funcionamento da plataforma onde deve ser feita a encomenda.
"O simples caderno de encargos para o buffet", por exemplo, disse, "é muito complexo, porque não se pode referir marcas".
Outros dirigentes criticaram a exclusão do tecido empresarial local do catálogo nacional a quem têm que recorrer para fazer encomendas, afirmando que existem situações "escandalosas", porque é muitas vezes possível "comprar localmente mais barato do que na central de compras".
A ausência de recursos humanos e de tempo disponível para a realização dos procedimentos foi outra das grandes críticas apontadas, tendo um dos presentes desabafado que "para pôr em prática o que a lei obriga não sobra tempo para mais nada"
O código "não é praticável", acrescentou o mesmo dirigente, tendo um outro adiantado, por exemplo, que a central de compras não faz a distribuição dos bens e materiais encomendados pelas 23 escolas do seu agrupamento, enquanto que as empresas locais o faziam.» in http://www.educare.pt/educare/Actualidade.Noticia.aspx?contentid=90393CF4D6CC521CE0400A0AB8001D4F&channelid&opsel=1
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Só quem não vive nas escolas, é que não sente o mau ambiente que se está a criar nas Escolas Portuguesas, com os Professores a ficarem cada vez mais individualistas, descurando o trabalho inter-pares, esse sim, profícuo e mais harmonioso.
Bem sei que a estratégia da tutela é óptima, trata-se de dividir para reinar; mas o resultado final, a Educação Integral dos alunos não está a melhorar, pelo contrário, façam as leituras estatísticas e dos rankings que comparam realidades bem diversas...