Tuesday, August 25, 2009

Amor no prato


Cometi um erro. Eu tenho de o admitir. Afinal de contas, isto do amor tem que se lhe diga. Temos o hábito de quando estamos mal ficar com a cabeça a ferver e infelizmente, tudo isso desencadeia reacções que nós não conseguimos controlar pois comprova-se... somos limitados. E com isto andamos todos a queixar-nos do mesmo, que todas as mulheres são iguais e não prestam, e que todos os homens são iguais e não prestam. Sugiro então que nos comprometemos connosco mesmo e até casar na igreja sem parceiro para que no final o senhor Padre diga "Pode beijar a si mesmo". Se calhar, esta não é a melhor sugestão.

Devemos por isso aprender a lidar com as pessoas e aceitá-las como elas são, só assim somos nós próprios e só assim tudo é tranquilo, ou talvez não. A hipótese de ser-se solteiro não é a melhor. E amor no prato só é possível a dois. Nada como dois ingredientes diferentes para fazer um bom prato, falta saber se fica a comida estragada, saborosa ou - com azar - amarga. Mas se desde o inicio tudo combinou e deu certo, o necessário agora é não deixar queimar. Que tal amar em lume brando? Ou que tal amar deixando o amor ao lume, em temperaturas extremamente altas? A verdade é que, em lume brando, tudo é lento e a seca é tão grande que podemos gritar e desesperar, partindo para outra. Mas em lume suficientemente intenso, esturricar é uma grande possibilidade para que tudo se estrague, e aquilo que poderia ser um prato delicioso, passaria a ser um prato para esquecer.

Eu errei. Já o tinha dito mas volto a admitir. Pode até parecer que, ao ser tão repetitivo, isto seja coisa de que me orgulhe. Mas não é. Hoje prometi algo a mim mesmo. E se todas as promessas que prometi foram promessas bem sucedidas, a de hoje também será. Uma palavra essencial é controlar. Ou seja, nós não podemos deixar esturricar, nem podemos deixar em lume brando, devemos ter controlo. E eu errei no sentido que, fiz com que ela sentisse que queimou. Falta saber se queimou o suficiente, certo é que - infelizmente - ela sentiu o cheiro.
De qualquer forma, em qualquer das hipoteses, o melhor mesmo é ter paciência e pensar na melhor maneira de cozinhar o prato. Enquanto isso, reduzimos para lume brando. Depois podemos voltar a amar, em qualquer possível risco/dúvida, tentar sempre de forma controlada...