Monday, October 26, 2009

Serei uma magra num corpo de gorda?


Estava aqui a olhar para o meu braço direito: tenho uma queimadela no braço, outra na mão e outra no dedo indicador. Isto é algo comum em mim, assim como nódoas negras nas pernas que nem sei como as fiz, tropeçar, derrubar as coisas, esse tipo de peripécias... Podia dizer-vos que sou naturalmente desastrada, aliás, sou quase um desastre ambulante, por vezes. Mas tenho vindo a aperceber-me que não é apenas o facto de ser distraída e de estar a fazer uma coisa e a pensar noutra, que me faz ser desastrada. Muitos dos "acidentes" que tenho parecem dever-se à falta de consciência corporal que tenho. Pois, eu explico! Ajo como se não tivesse um corpo tão grande, nem uns membros tão roliços, como se não pesasse aquilo que peso: como se fosse magra. Literalmente: tropeço no meu próprio peso, como se não o reconhecesse como meu.

Esta constatação reforça algo que eu costumo dizer e que muita gente não entende quando digo que não me consigo reconhecer no espelho, aceito mas não gosto nem nunca me conformei. É que eu acho muito bem que pessoas com excesso de peso vivam felizes com o seu peso, aceitem a sua imagem e sintam orgulho de quem são. Dizem-me muitas vezes que tenho que me aceitar como sou, mas não desconfiam que o excesso de peso não me tirou a auto-estima, que não é uma questão estética e que eu gosto realmente muito de mim. Só que não me consigo reconhecer quando me olho ao espelho, como se aquela da imagem escondesse aquela que eu sou de verdade: é suposto eu ser mais magra, não calhou nada bem foi deixar-me dominar por compulsões e frustrações.

Como poderia eu conformar-me com isso? É exactamente porque gosto tanto de mim que luto! Desistir de perder peso seria desistir de mim, desistir de me encontrar, desistir de ser
realizada e feliz...