Ontem vi o Enchanted (Uma História de Encantar) e sabe bem sonhar um pouco com príncipes e princesas, ficar de coração derretido com uma história fofinha. Podem chamar-me palerma mas se vocês não o fazem :D palermas são vocês!
Suponho que nunca vos contei como cheguei ao meu conto de fadas :) bom, já estão sentadas, acho que é uma boa altura.
Conhecemo-nos há uns 10 anos atrás, numa festa de anos de uma amiga comum. A empatia que tivemos foi imediata, não nos largámos mais, a noite que nos conhecemos fica marcada por conversas mirabolantes deitados na relva a olhar para as estrelas :) ainda hoje me parece incrível, eu tão tímida e sem nunca ter sido atractiva para muitos rapazes, estava ali, com um Príncipe deitado no meu colo, maravilhado por estar comigo. Demos um único beijo e éramos demasiado miúdos para perceber o que era tudo aquilo, avanços e recuos e a vida levou-nos por caminhos diferentes.
O tempo passou, passou gente, passaram namoros e flirts, passaram desilusões... E eis que há 3 anos voltámos a cruzar-nos por acaso. Eu com um namorado que quase vivia comigo, ele a acabar uma relação e envolvido já com outra mulher. Aproximámo-nos como amigos, dando espaço para conhecermos um do outro tudo aquilo que no passado não tínhamos tido oportunidade e desde o início, sem explicações, sem lógica, estava tudo lá: um amor intenso, maior que tudo. Problema dos problemas, já estávamos com outras pessoas, haviam responsabilidades e blá blá blá, pusemos um travão antes que acontecesse alguma coisa e tentámos afastar-nos. Adianto que sou alguém que pondera muito tudo, que tenta racionalizar para não agir por impulsos, mas o que me acontecia fugia para além de tudo o que eu podia alguma vez ter sentido: eu sentia com todas as minhas células que aquele era o amor da minha vida, era ele! Como nunca tinha feito, ganhei coragem e com as minhas próprias mãos destrui tudo o que tinha construído até ali: uma relação (hoje percebo) desgastante e consumista, o meu curso de Geologia que eu odiava, a minha rotina, a pessoa amarga e frustrada em que me estava a transformar e não conseguia perceber. Sim, mandei tudo para o alto! Sim, antes mesmo de acabar definitivamente com aquele que era meu namorado na altura (e de ele acabar com a namorada dele), larguei tudo, menti e inventei mas fui encontrar-me com o meu Príncipe e fugimos juntos para bem longe do mundo! Ok, eu conto :D pegámos numa tenda e, sem ninguém saber, isolámo-nos em Milfontes, fizémos amor como duas almas que foram apaixonadas toda uma eternidade: tivemos a certeza que não podia ser de outra forma, tínhamos que ficar juntos e lutar o que fosse preciso! Podem dizer que errei e traí, eu sei que é verdade e vivi com remorsos, tantos que pensei que não aguentaria sem me desfazer. Mas a minha culpa vai só até ao momento em que resolvo contar, acabar tudo, acabar com a minha vida dupla e o meu namorado oficial fez-me todo o mal que conseguiu: perseguiu-me, drogou-me, inventou mentiras, fez-se passar por mim em conversas de MSN, ameaçou-me, chamou-me coisas horríveis, encostou-me facas...bom, uma série de coisas que se sucediam mesmo perante os meus pedidos de perdão. Ele e a ex-namorada do Príncipe fizeram de um tudo para nos afastar, meteram-se entre nós, foi preciso passar por cima de muita coisa para chegar à paz que temos hoje. Durante muito tempo senti-me culpada por fazer sofrer outras pessoas, mesmo que elas me tenham depois feito sofrer a mim, mas recentemente disseram-me algo que me ajudou a serenar e a perdoar-me completamente: não podemos ter a ambição de não errar, mas sim a ambição de estar em paz com a nossa consciência, pedir perdão e se não nos perdoarem deixa de ser problema nosso porque nós já nos libertámos da mágoa.
Não foi pêra doce mas não me arrependo: sei e sinto que encontrei o homem da minha vida, sinto com ele uma ligação mágica, uma cumplicidade que parece ter milhares de anos e é isso que me enche de força, é isso que me faz ser pela primeira vez na vida uma mulher feliz!
Se tiverem o amor incondicional de alguém e amarem da mesma forma, deixam de haver impossíveis, medos ou caminhos demasiado difíceis. Chamem-me tola, ou sonhadora, ou delirante, mas dêem isso a vocês próprias e não se contentem com menos do que com um amor de verdade! :)
