"Sinto-me como um mendigo do teu amor. A esmola que me vais dando é cada vez mais escassa e adulterada.
Sozinho, envolvido no meu manto de luto desgastado, acorrentado às memórias de um amor mortal por ser tão indiferente, vagueio pela noite escura e gélida à procura da personalidade forte e segura que outrora tive. À procura do apoio em mim mesmo.
Dei-te demasiado, não em quantidade mas em credibilidade. Dei-te o que procuras em todo o lado, porque não o agarras-te? Se sem isso és uma perdida! Dei-te mais do que merecias, porque te considerava merecedora.
Fui o único que o senti, acima de todos os que tentaram senti-lo por ti. E não o afirmo verbalmente no presente porque já não o sinto, mas porque devo deixar de o sentir.
A lei da vida é esta: o que ofereces volta para ti de novo, a dobrar. Neste caso, a dor de uma solidão infinita, porque o espelho quebrado deixou de ter as suas duas partes unidas, como uma só, e restou-lhe apenas uma única imagem reflectida, a tua imagem, o teu ego.
Sinto tudo quebrado aqui dentro. E pouco haverá para fazer."
adaptado