Bolas, bolas, bolas! Anda uma gaja aqui lesionada e tal, mal põe o corpo danone na rua. Mal consegue perceber o que se passa à sua volta e quando dá por si, puf! As pérolas acontecem assim muito de repente, e só depois é que sei... injusto!!
Estava sentadita no belo do seu sofá branco de perna ao alto a ver as minhas coisas quando a campainha toca. Pensei logo para o meu decote: quem é a melga que vem inportunar uma lesionada? Ora, mas já não há respeito?! (Risos)
Levo o tempo que tenho que levar a chegar à porta e quando olho para o óculo benzo-me, pois era a minha vizinha do andar Y. Ora que não é nada mais nada menos que o "interfone" do prédio! Pensei novamente para o meu decote: oh céus... das duas uma, ou a despacho num ápice com a "desculpa" que estou assim com o pé ou fico aqui petrificada, porque quando a mulher começa com o relato não há quem a valha!!
Bom, abro a porta...
Vizinha: Oh!! Essência, o que aconteceu?! Está de muletas?!
Eu: Pois vizinha é o que consta... não está a ter uma ilusão óptica, não! É um facto!! Isto é uma longa história, mas diga rápido o que a trouxe por cá, é que como deve calcular não posso estar aqui assim em pé... (devia estar a fazer uma cara de frete brutal)
Vizinha: Oh Essência, mas você não está a par do que aconteceu aqui no prédio?!
Eu: Pois, para a vizinha aqui estar é porque sabe que não estou... (confusa)
Vizinha: Nem diga nada, mas é uma longa história e nem vai acreditar... (espertalhona... sabia que iria aguçar-me a curiosidade)
Eu: (Automaticamente raciocino. Bom, ou digo que volte noutra altura ou digo para entrar e fico a saber o que aconteceu... não resisto) Entre vizinha, vejo que a história é longa e o meu pé precisa de repouso. (Precisavam ver a cara dela de contente do género, vou destilar cusquice)
Depois de estarmos refasteladas no sofá e eu de pé ao alto e com as antenas ligadas para captar tudo, ela começa a desbobinar como uma metralhadora como se não houvesse amanhã e com aquele típico olhar brilhante e um nervoso miudinho de uma autêntica cusca... confesso que os meus olhos esbugalharam-se pela reacção dela. (Vocês não têm noção da personagem que é esta senhora... uma autêntica pérola!)
Vizinha: Sabe, nós tivemos a câmara avariada. Assim de um dia para o outro... achamos estranho, mas pedimos orçamentos em várias empresas. Eram os olhos da cara. Tudo para cima de 500€. Até que encontramos um cartão na caixa de correio da administração do prédio de um senhor que fazia reparações. Ligámos para lá e ele nos pedia 270€. Ficamos maravilhados com o valor. Combina-se com o senhor para vir arranjar a câmara. Qual não é o nosso espanto no dia da reparação quando chego ao pé do senhor e já estava a câmara arranjada. Perguntei-lhe porque não tinha esperado e ele responde que foi adiantando. Bom, como verifiquei que estava tudo bem, desembolsei os 270€. Mas não sei porquê fiquei com a pulga atrás da orelha, mas depressa tirei dali o sentido. Afinal já estava arranjado. Dias depois, estava a campainha avariada. Ligo outra vez para o senhor, mas ao falar com o Zé (marido), e por achar que alguma coisa não estava a bater certo resolvemos marcar a caixa. Mais uma vez o senhor chega primeiro e começa a arranjar. Assim que chegamos ele diz que precisava de ir mudar a peça e que já voltava. E nós, resolvemos esperar...
O senhor, além de pôr o carro fora da praceta (o que achámos estranho), quando volta trazia exactamente a mesma peça marcada (mas não tinha reparado na marca que tinhamos feito) e coloca e diz-nos com a cara mais deslavada que já estava a funcionar. Ficamos abismados com tamanha lata!! Claro que dissemos que funcionava porque afinal nunca deixou de funcionar. Porque a caixa era a mesma e mostrámos a marca. O senhor ficou sem reacção, pois viu que tinha sido desmascarado. Encurralámo-lo ali e teve que nos devolver os 270€ da outra reparação e se caíssemos nesta eram mais 180€.
"Eu confesso que fiquei incrédula a ouvi-la e só pensava: por amor de Deus! Isto é a vigarice do século!! (Só tinha vontade de rir, mas mantive a postura)"
Moral da história:
O senhor afinal fazia desta vigarice (e que vigarice) vida! Andava pelos prédios e vivendas a desligar os aparelhos e depois colocava o cartão dele na caixa de correio. Entre 100 prédios e vivendas (por exemplo) que ele fizesse a façanha, se 30 caissem na aldrabice o homem tinha o mês feito. Ponto a focar: o homem era do outro lado do rio (Margem Sul). Estamos a falar da zona de Sintra, atenção! Zona que o vigarista vinha actuar! Afinal ele não punha o carro na praceta para não lhe verem a matrícula. Trafulha!!
E com isto eu imagino quantos, mas quantos otários ele não mamou à pala. Isto é inédito!! Volto a afirmar! Esta é a vigarice do século!! Será que a culpa é da crise?!