Após um ciclo de tratamentos eis que há uma consulta com o médico para avaliar os resultados e supostamente ver que tratamento continuar...
Médico- Então dona M, como se sente?
M- (Lá disse as suas maleitas e mais algumas...)
Médico- E então, dona M, que tratamento quer fazer agora?
Essência- ?!
M- ?!
Médico- Então dona M, diga lá!
Essência- Desculpe, mas suponho que essa pergunta é um pouco incoerente!
M- (Olha-me com um ar assustado, pois sabia que eu abrindo a boca que não iria terminar bem...)
Médico- (Entre sorrisos) Repare, eu sei que é a primeira vez que estou a avaliar a sua mãe, pois costuma ser a minha ex-mulher, mas como deve calcular temos metódos difrerentes e eu dou livre arbitrio aos meus pacientes, claro, com as minhas coordenadas! (Ar snob)
Essência- (!!) Deixe-me ver se eu entendi!! Está a querer dizer que são os pacientes que dizem que tratamentos acham por bem fazer?! Pacientes que tiverem AVC, que estão ainda confusos com tudo o que lhes aconteceu, sem falar no processo moroso que estes pacientes têm? Mesmo que não fossem doentes de AVC, outro qualquer! Afinal, o que está o senhor a fazer? Só a prescrever nessa folha o que efectivamente os doentes leigos "acham" que é melhor para eles?! O senhor só assina para ficar dentro dos conformes em termos logísticos? É isso que estou a entender?! É porque se for, a conversa vai mudar já já!
Médico- Minha senhora, tenha calma, está a deturpar as minhas palavras!
Essência- Não me parece. Porque apesar de ser uma leiga na medicina, na interpretação de uma conversa sei captar exactamente cada entrelinha que me é passada.
Médico. (Sorriso amarelo) O que eu quis dizer, é que eu faço sempre esta pergunta aos pacientes para ver se eles estão atentos ao tratamento que fizeram e assim percebem a sua evolução.
Essência- (!?)
Médico- (Deve ter visto a minha cara de parva perante a desculpa esfarrapada) Não está convencida da minha explicação, pois não? Não quero mal entendidos, afinal a dona M está connosco à ano e meio e não quero de maneira alguma que fique com má impressão de um mal ententido verbal que esta consulta possa ter causado.
Essência- Pois, infelizmente à ano e meio que a minha mãe está convosco e até à data estava tranquila, pois ela sempre falou bem. Nunca indicou que nada de anormal havia. Agora depois desta consulta, confesso que fico com as minhas reticências e como tal terei que pensar e falar com o meu pai para vermos se a minha mãe continua aqui. Desculpe a minha franqueza, mas nunca em tempo algum ouvi tamanho absurdo. Um médico pôr na paciente a responsabilidade de optar pelo tratamento que deve fazer e do qual depende a sua recuperação.
Lá o homem disse mais uma dúzia de disparates entre graçolas à minha mãe (como se isso fosse o mais importante) e prescreveu o tratamento Y e estava a consulta feita. Eu, nem queria acreditar no que tinha acabado de acontecer. A outra médica (que soube que era a ex- nem em sonhos era assim...) Questionei tantas coisas, bolas estamos a falar de médicos, de ética! Fico a pensar se a minha mãe fosse sozinha, como era... se fosse sempre esse médico a fazer-lhe sempre as avaliações como seria. Muitas interrogações deambulam nesta mente... Porém uma certeza eu tive enquanto ele acabava a dúzia de disparates! Quando estava a sair e quando ele estendeu a mão para um aperto eu perguntei-lhe se, por ventura, ali havia livro de reclamações. O homem mudou instantaneamente de cor e numa voz sumida respondeu que sim. Entretanto disse que eu estava a precipitar-me pois tinha percebido mal... respondi-lhe que iria relatar somente a conversa que ali tivemos e a minha interpretação das suas palavras... era o que a minha consciência de momento mandava.
Sou de impulsos, sou! O que vai dar? Não sei! No entanto só sei que não podia vir embora sem nada fazer... se o livro amarelo é o único que nos assiste, pois bem, é nele que fui valer-me!