Saturday, May 14, 2011

Porque Já Perdi A Conta Das Vezes Em Que Vi Esta Pergunta - Desmistificando A Questão Das Proteínas


"E as proteínas?!" - esta é uma das perguntas que faz parte do Top 5 de questões que as pessoas colocam com ar absolutamente aterrorizado, quando querem perceber melhor em que consiste a alimentação dos crudivoristas.  É uma peocupação válida dada a importâcia das poteínas para o nosso organismo, que no entanto é claramente enfatizada em excesso pela indústria alimentar, de modo a garantir o sucesso da lavagem cerebral generalizada à qual podemos assistir diariamente na televisão, livros ou nos conselhos apregoados aos sete ventos por profissionais da nutrição e dietética. Afinal não podemos esquecer que se trata de uma indústria que vale milhões, daí todo o alarido à volta desta questão. Dito isto, passemos aos factos.

As proteínas são constituídas por cadeias de aminoácidos (a unidade básica das mesmas). O nosso corpo não absorve proteínas, mas sim aminoácidos, pelo que a alimentação crudivorista que se baseia essencialmente em fruta, vegetais, sementes, rebentos e algas marinhas é riquíssima em aminoácidos! Alguma vez alguém se deu ao trabalho de pensar como é que os macacos (que são sete vezes mais fortes que o ser humano) obtêm as suas proteínas? Provavelmente não.

Afinal qual é a percentagem de proteínas que o nosso corpo precisa diariamente? Precisamos que 5% a 10% no máximo da nossa ingestão calórica total seja proveniente de proteínas, o que é facilmente atingível com uma alimentação crudívora. Cerca de 5% das calorias da maior parte da fruta provém precisamente das proteínas, por não falar nos vegetais, portanto penso que não restam dúvidas que as necessidades estão absolutamente satisfeitas com este tipo de alimentação.

Agora vamos imaginar que estamos a construir uma casa, sendo que para essa mesma construção precisamos de tijolos e uma série de outros materiais. Se assim que acabamos de construir a casa continuamos a receber materiais, o que acontece a seguir? Começamos a acumulá-los, o que se torna automaticamente um problema. O mesmo acontece com as proteínas. Não existe nenhuma condição médica que resulte de um défice de proteínas. No entanto, o excesso dá origem a uma série de problemas de saúde sérios, tais como: cancro, doenças cardíacas, artrite, osteoporose, acidoses metabólicas, disfunções renais...entre muitas outras. Níveis elevados de proteínas são sinónimo de níveis elevados de acidez, que obrigam o organismo a gastar as suas próprias reservas de cálcio dos ossos e dentes, resultando disso diversos problemas de saúde. Porque será que as fracturas e a osteoporose são mais prevalentes nos países em que se comem mais produtos de origem animal? Por pura coincidência é que não deve ser, de certeza absoluta! Quando existe um consumo excessivo de proteínas (que é o que acontece hoje em dia com quase toda a gente), o que acontece após a metabolização e eliminação desses excessos é uma sobrecarga do fígado e dos rins que, uma vez tornada sistemática, dá origem a problemas inflamatórios e a um aumento desses mesmos órgãos.
Agora vamos passar à questão dos machos que dizem logo todos preocupados:

"Mas eu preciso de proteínas, porque não quero perder massa muscular. O que faço?". A minha resposta para pessoas que costumam fazer treinos exaustivos com frequência com o objectivo de manter ou aumentar a massa muscular, é que aumentem a quantidade daquilo que comem, promovendo ao mesmo tempo uma recuperação muscular adequada após os treinos, através do consumo suficiente de hidratos de carbono. O segredo está mesmo na ingestão calórica: se alguém gasta diariamente muitas calorias, é óbvio que precisa de comer o dobro e o triplo quando comparado com alguém que passa o dia no escritório e a noite no sofá, disso não restam dúvidas.  Além disso, e por incrível que pareça, se um homem comer apenas fruta e vegetais em quantidades suficientes, pode manter e até aumentar a sua massa muscular apenas com base nisso. Só não mostro aqui fotos de pessoas conhecidas como prova, para manter a sua privacidade. No entanto, basta fazer uma pesquisa rápida para ver logo a quantidade de atletas de alta competição que existem pelo mundo fora e que são crudivoristas a 100%. Para resumir, não é o facto de comer proteínas de origem animal por si só que promove o aumento da massa muscular - o que faz isso são os treinos! Níveis elevados de proteínas no sangue apenas atrapalham, não ajudam, por não dizer que não existem resultados nenhuns que sugiram que o facto de ter treinos intensivos com regularidade implica consumir mais proteínas de modo a manter a massa muscular. Precisam de calorias extra, não de proteínas extra!

Então porque é que as pessoas perdem tanto músculo quando se tornam crudivoristas? - perguntariam alguns. Estarão de facto a perder músculo? - responderia eu. E aqui voltamos novamente à questão das quantidades de comida. É possível perder massa muscular, apenas e quando as pessoas não comem o suficiente em termos de quantidades. A partir daí é um ciclo - a pessoa não come o suficiente, não tem a força necessária para treinar como anteriormente, e como resultado os músculos começam a atrofiar. É uma resposta natural do corpo - quando não utilizamos os nossos músculos, começamos a perdê-los. Daí que quando deixamos de comer produtos de origem animal, torna-se muito importante aumentar a quantidade de hidratos de carbono ingeridos, de modo a satisfazer todas as nossas necessidades. Outra coisa importante: Quando nos tornamos crudivoristas, perdemos automaticamente muita gordura e líquidos que estavam retidos. Por isso mesmo, em vez daquele aspecto insuflado, inchado e artificial, muitos homens passam a ter uma musculatura igualmente  proeminente, mas com aspecto muito mais natural e saudável, por não dizer que a qualidade do tecido muscular em si é infinitamente melhor. Dito isto, penso que não têm nada a temer!

Se tiverem que reter apenas uma coisa
 disto tudo, que seja esta: comam fruta e
 vegetais e ignorem os conselhos baseados
 em pirâmides alimentares, que acabam por
 ser fonte de muito dinheiro para alguns,
 mas também de muitos problemas e
 doenças para outros.