Movida por coisas que me perguntam, que leio e vejo à minha volta, eis que mais uma vez estou a voltar ao mesmo tema. Torna-se repetitivo, sim, mas continua a ser uma realidade bem presente que não consigo ignorar. As pessoas fartam-se de proferir clichês que supostamente orientam a vida delas. Passam o tempo a fazer de conta que fazem aquilo que gostam e que estão a cuidar delas, mas na verdade não fazem mais do que viver em função dos outros. Sempre na tentativa de agradar e não desiludir. Sempre na tentativa de serem simpáticas com tudo e todos, só para manter as aparências de algo que não são, que não pensam e não sentem. Alguns fazem-no porque de facto as aparências são o factor nº1 que rege a vida delas, enquanto outras simplesmente já não sabem viver de outra maneira, a não ser adoptando a postura de mártir. Tão simples quanto isso. E sim, é muito bonito e nobre passar a vida a pensar no bem-estar físico e emocional dos outros, desdobrado-se constantemente na tentativa de ser a mãe perfeita, a filha perfeita, a namorada perfeita, a mulher perfeita e aquela que se sacrifica sempre para não desiludir e corresponder às expectativas dos outros, mas o que ganham afinal de contas? Vivem felizes e realizados? Sentem-se bem fisica e emocionalmente? Conhecem-se? Alguém vos conhece ou pensa no vosso bem-estar e realização? A vossa satisfação pessoal fica adiada até quando? Ou por acaso pensam que vão viver eternamente?
A questão é mesmo essa. Há muito boa gente que acredita piamente que ao colocar-se em primeiro lugar está a ser egoista, quando na realidade egoismo e amor prório são duas coisas diferentes. Escusam de sentir culpa e remorsos ao recusar uma proposta qualquer, só porque vos apetecia fazer algo diferente. Escusam de se sentir mal ao colocar-se em primeiro lugar, pensando nos vossos objectivos, desejos e sonhos, porque ao pensar no vosso próprio bem-estar e vontades estarão a pensar também nos outros, pois é precisamente isso que vos fará pessoas, mães, filhas, amigas e namoradas mais dedicadas, entusiasmadas e vibrantes.
Quanto mais rápido aprenderem a
distinguir egoísmo de amor próprio,
mais rápido encontrarão a realização,
satisfação e respeito alheio que nunca
tiveram, porque simplesmente ficaram
adiados junto com todas as outras coisas
que vos dizem respeito.
